O presidente Vladimir Putin ordenou que as autoridades russas protejam os computadores do governo contra ataques de hackers, anunciou o Kremlin na segunda-feira, depois que uma empresa de segurança na internet afirmou que uma rede de espionagem havia invadido computadores de governos e embaixadas de diversos países do antigo bloco soviético.
A rede, conhecida como "Red October" ("Outubro Vermelho"), usou ataques de phishing – emails não solicitados enviados aos alvos da operação – para infectar computadores de embaixadas e outras instituições estatais com um programa concebido para recolher informações e enviá-las a um servidor.
Putin assinou um decreto em 15 de janeiro dando ao Serviço Federal de Segurança (FSB) russo poderes para "criar um sistema estatal de detecção, prevenção e liquidação dos efeitos de ataques via computador a recursos de informação da Federação Russa".
As redes de computadores e telecomunicações do Estado que esse sistema de proteção cibernética deve proteger incluem redes que operam na Rússia e as que operam nas embaixadas e consulados do país no exterior, de acordo com o decreto, divulgado segunda-feira no site do Kremlin.
A Kaspersky Labs, uma companhia russa de segurança na computação, informou na semana passada que a rede de espionagem de computadores, descoberta em outubro do ano passado, procurava informações em países da Europa Oriental e ex-integrantes da União Soviética, entre os quais a Rússia, desde 2007.
Muitos dos sistemas infectados pertencem a missões diplomáticas, disse Vitaly Kamluk, especialista em vírus de computação na Kaspersky Labs, na semana passada. Ele não quis identificar países específicos.Kamluk disse na semana passada que a rede continuava em atividade, e que as agências policiais de diversos países europeus estão investigando suas atividades.
Segundo a Kaspersky Labs, os atacantes criaram mais de 60 nomes de domínio, principalmente na Rússia e Alemanha, para ocultar a localização real de seu servidor. O FSB não quis comentar na semana passada quando perguntado se a Rússia está procurando levar os suspeitos de espionagem à Justiça, ou se havia reforçado sua segurança.
O FSB – o sucessor da agência soviética KGB – pediu perguntas por escrito sobre o assunto, mas ainda não as respondeu. O Kremlin não quis comentar nesta segunda-feira, quando perguntado se o decreto de Putin se relaciona ao grupo "Outubro Vermelho".