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Tambores de Guerra – Síria na mira da Otan

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) aprovou ontem o posicionamento do sistema de Defesa antiaérea Patriot solicitado pela Turquia para se proteger de eventuais disparos de mísseis realizados pela Síria. Os aliados alertaram o regime de Bashar Al-Assad de que o uso de armas químicas terá uma “resposta internacional imediata”. O sobreaviso fez coro à advertência do presidente dos EUA, Barack Obama, que avisou sobre consequências do que chamou de “erro trágico”. Damasco viu crescer a pressão internacional depois que informações atribuídas a fontes do serviço secreto norte-americano sugeriram que o regime sírio estaria movendo internamente seu arsenal de armas químicas. Enquanto isso, a população continua sofrendo com os combates entre forças oficiais e opositoras. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), baseado em Londres (Inglaterra), e a tevê oficial síria afirmaram ontem que oito alunos e um professor morreram em um ataque com um obus a uma escola do campo de refugiados de Al-Wafidin, na Província de Damasco.

O pedido pelo sistema de proteção foi feito por Ancara em 21 de novembro à Otan, sob a alegação de temor de um ataque químico sírio. Desde o início do conflito, em março de 2011, a Turquia, membro da Otan, tem sido o principal destino daqueles que tentam escapar da guerra civil pela fronteira entre os dois países. “A Otan concorda em reforçar as capacidades de defesa aérea da Turquia, a fim de assegurar a defesa de sua população e de seu território e de contribuir com a redução da crise”, afirmou o comunicado, divulgado no site oficial da aliança.

Também em nota, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, ponderou que o posicionamento das baterias antiaéreas, fornecidas pela Alemanha, pela Holanda e pelos EUA, será “totalmente defensivo” e “de forma alguma para promover uma zona de exclusão aérea”. O sistema deverá estar concluído no primeiro trimestre de 2013.

Preocupação

Reunidos em Bruxelas, os ministros dos 28 países integrantes da aliança militar também expressaram preocupação com as informações de que o regime sírio estaria considerando usar seu arsenal químico. Segundo Rasmussen, essa ação seria “completamente inaceitável”. “Se alguém recorrer a essas terríveis armas, eu esperarei uma reação imediata”, declarou o secretário, citado pela agência de notícias Reuters, antes do encontro em Bruxelas. Na segunda-feira, Obama lembrou a Bashar Al-Assad que o mundo o está “observando”. De acordo com o presidente norte-americano, o uso desse arsenal seria considerado a “linha vermelha” para os EUA. “Isso poderia mudar meus cálculos.”

De acordo com o perfil da Síria feito pela organização independente Nuclear Threat Initiative (NTI, Washington, EUA), o país tem se esforçado, desde o início da década de 1980, em adquirir e manter um arsenal de armas químicas (leia o Para saber mais). “Preocupações com a segurança regional, e notadamente a relação contraditória com Israel, representam a mais provável motivação por trás do programa de armas químicas da Síria”, explicou o NTI, acrescentando que a nação árabe não é signatária da Convenção de Armas Químicas (CWC).

Raymond Zilinskas, diretor do Programa de Não Proliferação de Armas Químicas e Biológicas do Centro James Martin para Estudos de Não Proliferação (Califórnia, EUA), explicou ao Correio que o país detém anos de experiência com o arsenal químico e que o Exército sabe como manusear esse armamento. Na sua avaliação, uma reação militar externa, nesse caso, é um processo extremamente complicado. Bombardear alvos de arsenal químico, por exemplo, poderia colocar a população “seriamente em risco”. Oficiais sírios têm insistido que o país “nunca, em nenhuma circunstância” usaria esse armamento, “mesmo se ele existisse”.

Jornais e agências internacionais, citando fontes do serviço secreto norte-americano, noticiaram que forças leais a Damasco estariam combinando agentes químicos necessários para a fabricação do sarin, um gás que provoca paralisia seguida de morte. Organizações humanitárias e opositores estimam que o conflito na Síria, que teve início com protestos pacíficos em março de 2011, pode ter feito mais de 40 mil mortos.

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