MARCO ANTÔNIO MARTINS DO RIO
O PCC (Primeiro Comando da Capital) infiltrou integrantes em cursos que ensinam a manusear explosivos, realizados em pedreiras do Estado de São Paulo. A informação consta de investigações da Polícia Federal e do setor de inteligência do Exército.
Os documentos, sigilosos, informam que o objetivo da facção é aumentar a eficácia de suas ações em explosões de caixas eletrônicos.
Suspeita-se, no entanto, que a técnica também possa ser usada pelos criminosos para atacar policiais.
O treinamento para o uso de explosivos pode estar sendo feito por membros do PCC há, pelo menos, quatro anos.
HISTÓRICO
A Polícia Civil de São Paulo chegou a investigar, em 2008, essa prática da facção.
A apuração parou porque, na época, os policiais não tinham o acesso ao sistema que permite a pesquisa sobre os sócios das empresas que ministram os cursos -chamados de "blasters" ou de "cabo de fogo".
A equipe de policiais produziu, então, um documento e encaminhou à Secretaria da Segurança Pública do governo de São Paulo.
O relatório mostra que de 145 inscritos nos cursos de manipulação de explosivos em pedreiras 13 tinham ficha na polícia por tráfico de drogas e por roubo.
A Polícia Federal retomou o levantamento e trocou informações com o Exército.
ROUBOS
A preocupação cresceu com os constantes roubos de explosivos no Estado.
Neste ano, pouco mais de uma tonelada de dinamite foi levada por assaltantes em São Paulo.
Não há notícias de que esses explosivos tenham sido recuperados.
Em 2010, mais uma tonelada foi roubada, além de 11 quilômetros de pavio e 568 espoletas, responsáveis por acionar a detonação da dinamite em gel.
A suspeita é de que os explosivos estejam sendo enviados também para outros Estados do país.
Nos cursos, os criminosos se aproveitariam da falta de controle das pedreiras que permitem a inscrição de qualquer pessoa.
FALTA DE CONTROLE
Das 160 pedreiras que existem em São Paulo, só metade segue uma série de determinações do Exército.
Entre as exigências estão o controle sobre quem são os alunos que se inscrevem.
"Temos um controle sobre nossos associados, mas há outras pedreiras, menores, que podem não estar seguindo essas regras de segurança. Aí, a gente não pode fazer muita coisa", afirmou Osni de Mello, assessor técnico do Sindipedras (Sindicato de Indústria de Mineração e Pedra Britada de São Paulo).
Oficialmente, a Comunicação Social da Região Militar, responsável pelo Estado de São Paulo, informou não possuir informação de que o PCC infiltre pessoas em cursos de explosivos em pedreiras.
Declarou ainda que a Polícia Federal levanta a ficha criminal das pessoas inscritas nestes cursos.
A Polícia Federal não comentou o assunto.
SUL DE MINAS
Analistas da PF investigam o ataque ao Batalhão da Polícia Militar, na semana passada, em Campo Belo, sul de Minas Gerais.
As informações indicam que a facção recrutou jovens para atacar a PM.
Vários carros de policiais, estacionados no pátio do batalhão, foram atingidos.
A Polícia Militar de Minas Gerais se referiu à ação em Campo Belo como "ataque do tráfico", mas não citou o Primeiro Comando da Capital.