Nota DefesaNet – Nos anos 90 com a expectativa de o Presidente Clinton bloquear a venda de armas houve um super estoque, que depois levou ao cancelamento de compras, que afetou em muito a empresa brasileira Rossi. Hoje pode ocorrer um fenômeno similar com a Taurus.
A reeleição de Barack Obama teve um efeito imediato. Imediatamente após os votos dos eleitores americanos terem sido contados, o setor de armas de fogo viu suas vendas aumentarem de forma fenomenal.
A tendência já podia ser observada desde meados de outubro, quando Obama disse, durante o segundo debate presidencial, que cogitava proibir a venda de armas de assalto (semiautomáticas) a civis e evitaria que armas de fogo chegassem às mãos de criminosos com verificações de histórico criminal.
Muitos americanos, temendo perder seu direito garantido pela segunda emenda da constituição, correram às lojas especializadas para abastecer seu arsenal.
As ações da Smith & Wesson, uma das maiores fabricantes de armas dos Estados Unidos, subiram em mais de 7%, enquanto que sua concorrente, Ruger, terminou o dia seguinte à reeleição do presidente democrata vendo um aumento de 3%. As vendas de rifles táticos e munições também dispararam, com os consumidores dando preferência às armas de assalto do tipo AR-15 e AK-47.
O debate sobre o direito ao porte de armas é um dos mais ferozmente defendido pelos americanos conservadores. A discussão ficou ainda mais em destaque com o recente aumento de massacres em massa aleatórios cometidos por cidadãos americanos com porte de artilharia pesada. Nos últimos cinco anos, já aconteceram 13 tragédias do tipo nos Estados Unidos.
"Acho que é preciso um certo controle para que alguns indivíduos, como aqueles com ficha criminal, não possam ter acesso a armas, mas sou extremamente contra um presidente mexer com direitos garantidos pela constituição. Isso abre um precedente para que os presidentes possam limitar ou eliminar outros direitos constitucionais, como a liberdade de expressão ou religiosa", diz o engenheiro Fred Williams, que resolveu comprar um revolver logo depois de ficar sabendo que Obama teria um segundo mandado.
Segundo publicações especializadas do setor de venda de armas de fogo, foi a menção de Obama a uma possível proibição de vendas de armas para civis que fez com que, em outubro, o número de verificações de histórico criminal tivesse um aumento de 18,4%, segundo dados do FBI. Esse dado é o principal indicador do desempenho do mercado de armas.
Em 1994, o então presidente Bill Clinton despertou a ira da National Rifle Association of America (NRA), um dos mais poderosos grupos de lobby em Washington que luta pela garantia ao direito dos cidadãos de portar arma, ao decretar a Proibição Federal a Armas de Assalto.
A lei federal tinha um prazo de validade de 10 anos e proibia a fabricação de armas semi-automáticas, como o AK-47, para uso civil. Para a alegria da NRA, a proibição não foi renovada pelo republicano George W. Bush em 2004.
Mas agora, grupos conservadores acham que o presidente americano vai se sentir mais livre para agir sem preocupação de desagradar alguns setores da população, já que nunca mais terá de participar de uma eleição.
"Se Obama nomear mais juízes da Suprema Corte, os proprietários de armas terão muito a temer", afirma a NRA, em referência a temores de que o líder americano indique juízes favoráveis a medidas de controle de armas.
Mas os grupos ativistas pela proibição de venda de armas de fogo estão satisfeitos e esperançosos em relação aos próximos quatro anos de Obama na Casa Branca.
Em um comunicado parabenizando o presidente americano pela reeleição, o grupo Brady Campaign to Prevent Gun Violence, prometeu "trabalhar em nome dos americanos com o presidente e o Congresso para reduzir a violência causada por armas de fogo".
No entanto, é mais provável que nada mude e os americanos continuem a gozar do direito ao porte de armas por, pelo menos, mais dois anos. Além da reeleição de Obama, as últimas eleições garantiram o controle da Câmara aos republicanos, o que pode fazer de Obama um presidente sem mandado até 2014, quando os americanos poderão novamente escolher seus deputados.