O ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, iniciou no último fim de semana uma visita ao México e ao Brasil, país onde tentará reforçar a associação franco-brasileira na questão da defesa. O encontro previsto para segunda-feira em Brasília com o ministro da Defesa Celso Amorim será o momento chave de seu giro pelos dois gigantes latino-americanos. França e Brasil se comprometeram a colocar em andamento uma associação estratégica de longa duração sob a presidência francesa anterior.
"Temos uma cooperação muito estreita no campo do armamento, agora olhamos para o futuro", ouve-se no entorno do ministro francês. Acima de tudo, trata-se de determinar as prioridades do Brasil em matéria de defesa, dizem. Em 2009, o grupo francês de fabricação naval DCNS assinou um contrato de 6,7 bilhões de euros para a construção com a marinha brasileira de cinco submarinos, entre eles um submarino nuclear de ataque (SNA).
Le Drian deve visitar a futura base submarina de Itaguaí, a uma centena de quilômetros do Rio de Janeiro. Outro contrato importante, assinado em 2008, é para a produção pela Helibras, filial brasileira da Eurocopter, de 50 helicópteros militares de transporte EC725 (Caracal), que serão fabricados no Brasil. Além disso, o grupo francês Dassault está em disputa com seus aviões de combate Rafale, junto com o F/A-18 da americana Boeing, na licitação do ministério brasileiro da Defesa para adquirir uma dezena de aeronaves. Brasília adiou até 2013 a decisão sobre este contrato de mais de 5 bilhões de dólares.
Outros projetos de cooperação se centram no fornecimento pela França de navios militares de superfície. Le Drian também se reunirá durante sua visita com os industriais franceses instalados no Brasil, onde cerca de 500 empresas francesas estão presentes. No plano diplomático, Paris também deseja "dar conteúdo ao seu plano de associação" e ajudar o Brasil a assumir suas responsabilidades no cenário internacional, afirma o entorno do ministro da Defesa.
Os ministros francês e brasileiro devem passar em revista a situação na Síria e no Sahel e falar da segurança na América Latina. Com 700 km de fronteiras comuns, os dois países pretendem reforçar sua colaboração na luta contra a violência e o tráfico. No fim de julho, os principais suspeitos da morte de dois militares franceses, no dia 27 de junho passado, em uma operação contra os garimpeiros clandestinos na Guiana Francesa, foram detidos no norte do Brasil. Antes de viajar ao Brasil, Le Drian visitará nesta quinta e na sexta-feira o México, onde se reunirá com funcionários da nova equipe mexicana que assumirá suas funções em dezembro, após a entrada em funções do presidente eleito, Enrique Peña Nieto. (Folha de Dourados – MS)