Ana Inés Cibils
O ministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, disse em 8 de outubro à AFP que no continente convivem “diversidades de percepções”, que impedem que se pense em um sistema interamericano de defesa, e que a cooperação deve então se basear em “novas premissas”.
“Podemos cooperar em questões de saúde, de defesa, em questões de desastres naturais, sempre tendo em mente a presença de autoridades civis. Mas a ideia de um sistema interamericano de defesa, como se cogitou depois da II Guerra Mundial, é algo que não combina com o mundo de hoje. Temos agora um mundo multipolar, onde não existe uma ameaça única, sem sequer um continente homogêneo”, acrescentou.
“Creio que precisamos pensar menos em um sistema interamericano de defesa e mais nos mecanismos de cooperação em defesa entre os países da América, porque para isso há muito campo”, explicou Amorim, que participou em 8 de outubro do primeiro dia de debates da X Conferência de Ministros da Defesa das Américas, antes de regressar, na parte da tarde, a seu país.
A conferência, da qual participaram delegações de 29 dos 34 países que integram o fórum, tem como um dos temas centrais a vigência do sistema interamericano de defesa.
Amorim destacou que para seu país a prioridade é a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) e o Conselho de Defesa Sul-Americano.
Ele disse que no Brasil, bem como em grande parte do subcontinente, a maior preocupação em defesa não provém da ameaça de um país externo e sim que se refere aos recursos naturais: a capacidade de produção de alimentos, as grandes reservas de água e energia.
Em contrapartida, o terrorismo internacional, a migração ilegal ou a não proliferação não são um problema para a região, acrescentou.
O ministro da Defesa e ex-chanceler brasileiro disse que não acredita que seja aprovada, durante o encontro, uma iniciativa promovida pelo Chile e respaldada pelos Estados Unidos para criar um mecanismo de coordenação de assistência humanitária em casos de desastres naturais.
“Pode haver algum avanço na concepção de como poderíamos cooperar em matéria de desastres naturais, sem a pretensão de criar um sistema único”, disse.
“Pode-se também continuar avançando em como podemos cooperar para as operações de paz, mas sempre tendo-se em mente que as Nações Unidas e o Conselho de Segurança são os organismos que aprovam”, afirmou ele ao encerrar o discurso.