Paulo Winterstein
Após a Boeing Co. sofrer pesadas perdas na América Latina nos anos 90, quando muitas da companhias aéreas da região optaram por comprar aeronaves da Airbus, a fabricante americana está pronta para desafiar a sua rival em um dos mercados que mais cresce no mundo, afirmou um executivo da Boeing.
Como parte deste esforço para a recuperação dos mercados perdidos nas décadas passadas, a Boeing baseia-se não somente nas grandes vendas anunciadas este ano para grupos como : Grupo Aeromexico e a brasileira Gol Linhas Aéreas Inteligentes SA, mas também avançar em tradicionais clientes da Airbus , tais como: AviancaTaca e a LATAM Airlines Group (TAM e LAN), afirmou Van Rex Gallard, vice-presidente de vendas para a América Latina, África e o Caribe.
"Em 1997, nós perdemos a campanha para a LAN, TAM e TACA," afirmou Gallard. LAN e TAM fizeram uma fusão no início deste ano para formar a LATAM, a maior empresa de aviação da região.
"Leva tempo para recuperar, pois após uma companhia investe pesadamente em uma frota é custoso mudar," disse Gallard. "Mas nós estamos contatando estas companhias. Elas terão um novo ciclo de aquisição e nós estamos aqui com o novo 737 Max."
A Gol anunciou no início, do mês de outubro, que tinha adquirido 60 aeronaves novas da Boeing, para serem entregues a partir de 2018. Aeromexico afirmou que em julho que adquirirá 100 Boeing, 90 deles no modelo 737 Max. O B737 Max é mais leve e mais econômico em combustível, do que a versão do B737 atualmente em produção, a nova versão está em desenvolvimento e é um grande desafiante para o Airbus A320neo.
Com o tráfego aéreo com um crescimento esperado de 5% ao ano nas próximas duas décadas, a América Latina é um dos mercados de maior expansão. Isto poderá abrir a necessidade para até 2.500 aeronaves novas na região nos próximos 20 anos, com 80% das aeronaves na faixa de capacidade do B 737, afirma Gallard.
Mas com a GOL cortando custos quando a rentabilidade cai e aumenta as despesas, o sobrevoo da Boeing pode ter seus frutos. Aumento do custo de combustíveis, aumentos de custo operacional e impostos tem diminuído o crescimento das companhias na região. No Brasil, o maior mercado da região,as duas empresas líderes GOL e TAM anunciaram planos para reduzir a capacidade este ano. No país vizinho o Uruguai, a Pluna que operava algumas aeronaves Boeing –encerrou atividades devido a falência.
Gallard afirma que o débito da GOL não é uma preocupação pois é gerado pelo leasing de aeronaves, os quais geralmente tem termos que são muito flexíveis.
"Após anos de crescimento de dois dígitos nos teremos um crescimento “ruim de 7%", o que é esperado para este ano. Mas isto é mais que o crescimento de mercados maduros, como o europeu. A partir desta perspectiva, o que falar do crescimento do setor aéreo no Brasil?"
Com o maior país da América Latina recepcionando a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos , em 2016,as viagens aéreas deverão ter um incremento. Há também espaço para o crescimento do segmento de carga aérea.
"Houve um crescimento do tráfego aéreo no ano que precede a Copa do Mundo na África do Sul, " afirmou Gallard.