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Empresas brasileiras enfrentam burocracia para exportar ao Iraque

Desde a saída do exército americano do Iraque, em dezembro do ano passado, um dos receios das empresas ávidas por ampliarem seu comércio com o país era quanto ao aumento da insegurança na região.

Porém, quase um ano depois da retirada das tropas de Barack Obama, existem outros obstáculos que as companhias, pelo menos as brasileiras, devem enfrentar antes que seus produtos cheguem ao território iraquiano.

O principal deles se passa por aqui mesmo, no Brasil, na hora de conseguir o certificado de origem dos produtos brasileiros junto a Câmara de Comércio e Indústria Brasil Iraque.

"Eles (A Câmara) não entendem a necessidade do exportador. Precisamos de agilidade, mas o processo para conseguir a assinatura do responsável nos documentos é demorado", afirma Sandra Felisberto, responsável pelo departamento de comércio exterior da Miracema, fabricante de fluídos industriais.

Segundo a executiva, os procedimentos para exportação estão muito concentrados no vice-presidente da instituição, Jalal Chaya. "É muito difícil falar com ele", diz.

A última venda da empresa para o Iraque aconteceu em novembro do ano passado. "Queremos voltar a fazer comércio com o Iraque, mas da próxima vez vamos cobrar mais caro pelos produtos por causa da burocracia que é exportar para este país", diz Sandra.

A Câmara informou que o certificado de origem é despachado em um dia para o Itamaray, que demora até três dias para fazer sua parte.

O Iraque está se recuperando do período de guerra, mas seus problemas de infraestrutura ainda atrapalham o comércio com o país. Seu único porto está passando por uma reforma e a energia elétrica ainda é falha.

Assim, é comum que as mercadorias façam uma parada em outros territórios antes de chegar ao destino final. "Muito do que é importado para o Norte do Iraque, por exemplo, chega pelo porto da Turquia", afirma Chaya.

De janeiro a agosto deste ano, o Brasil exportou, direta e indiretamente, US$ 382 milhões, valor 15,6% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. No entanto, quando consideramos o volume vendido, o aumento foi de 2,5% chegando a 210,6 mil toneladas, segundo a Câmara Brasil Iraque.

A explicação está na carne de frango, produto brasileiro mais demandado pelos iraquianos. A ave representou 73,1% das exportações brasileiros para o país, mas seu preço no mercado externo segue tendência de queda.

"Uma das razões foi a diminuição da procura por Estados Unidos, China e Europa, mercados importantes no consumo do produto", explica Júlia Ximenes, assessora econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).

O Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (Mdic) considera apenas as exportações que seguiram diretamente para o Iraque. No período elas somaram US$ 187,4 milhões, queda de 5,4% ou 133,6 mil toneladas, alta de 1,2%.

Em 2008, a Docile, fabricante de balas e pastilhas, enviava um contêiner por mês para o Iraque, mas vai fechar 2012 com apenas três embarques realizados durante o ano todo. Alexandre Heineck, diretor comercial da empresa, vende os produtos para um agente no Líbano e não tem contato com o distribuidor iraquiano que os compra.

"Uma visita ao país poderia aumentar o consumo da minha mercadoria. Poderíamos enxergar as falhas de exposição dos itens no varejo, por exemplo. Mas nem penso em uma viagem ao Iraque devido a falta de segurança no país", diz.

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