Na véspera da abertura da Assembleia Geral da ONU, que começa hoje em Nova York, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse que Israel não tem raízes no Oriente Médio e será "eliminado", numa prova de que dificilmente atenderá ao pedido feito no domingo pelo secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, para não adotar uma retórica incendiária no evento. Seu discurso está programado para amanhã, coincidindo com o Yom Kippur, o dia do perdão, data mais importante do calendário judaico.
Mais uma vez, Ahmadinejad minimizou os frequentes rumores sobre um possível ataque israelense contra as instalações nucleares iranianas e negou o envio de armas à Síria:
– Nós não levamos a sério as ameaças dos sionistas – disse ele, usando o termo que normalmente emprega para designar Israel. – Temos todos os meios de defesa à disposição e estamos prontos para nos defender. Nós sequer os levamos em conta em qualquer equação envolvendo o Irã. Eles representam incômodos mínimos que aparecem apenas para serem eliminados.
Ahmadinejad também voltou a questionar a própria criação do Estado de Israel, em 1948:
– O Irã existe há milênios. Os israelenses estão ocupando esses territórios pelos últimos 60 ou 70 anos, sempre com apoio ocidental. Eles não têm raízes históricas na região.
Em reação às declarações do presidente iraniano, o governo dos Estados Unidos reafirmou seu compromisso com a segurança de Israel e classificou os comentários de Ahmadinejad como "nojentos, ofensivos e ultrajantes". Segundo a agência Fars, o Irã testou mísseis antiaéreos ontem tendo como objetivo a defesa contra ataques dos EUA.
Também ontem, Ahmadinejad participou de uma reunião de alto nível na ONU sobre o Estado de Direito, na qual avaliou que o programa nuclear iraniano não é um problema na relação com os EUA, defendeu uma saída negociada para a questão e afirmou estar "pronto para o diálogo". O embaixador de Israel na ONU, Ron Prosor, abandonou a sessão durante a fala de Ahmadinejad, e disse que "não há justiça" quando se abre espaço para o governante do Irã.
O discurso de Ahmadinejad na Assembleia Geral da ONU será o seu último no fórum. Já no segundo mandato, ele deixa o cargo em agosto de 2013 e não poderá se reeleger novamente.