Michael R. Gordon
NYT
O Irã retomou o envio de equipamento militar à Síria usando o espaço aéreo iraquiano num novo esforço para impulsionar o governo do presidente Bashar al-Assad segundo funcionários do governo americano.
O governo Obama pressionou o Iraque a fechar o corredor aéreo que o Irã já tinha usado mais cedo neste ano, levantando a questão com o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki. Mas os voos foram retomados em julho e, para a frustração de funcionários do governo, continuaram desde então.
Analistas dizem que os voos permitiram ao Irã enviar suprimentos à Síria apesar dos esforços dos rebeldes para fechar passagens na fronteira.
– Os iranianos não têm problemas no ar, e o regime sírio ainda controla o aeroporto – disse um general reformado do Exército libanês, Hisham Jaber, que chefia o Centro de Estudos e Pesquisa do Oriente Médio em Beirute.
O vice-presidente Joe Biden, que desempenhou o papel de líder na política para o Iraque durante o governo Obama, discutiu a crise síria num telefonema com Maliki no dia 17 de agosto.
O governo Obama reluta em oferecer armas aos rebeldes sírios ou em estabelecer uma zona de exclusão aérea por medo de ser arrastado para dentro do conflito. Mas a ajuda enviada pelo Irã mostra que o país não tem hesitado em fornecer suprimento e conselheiros para manter Assad no poder.
TERRORISMO de estado
De outro lado, a tolerância de Maliki ao uso do espaço aéreo iraquiano pelo Irã revela os limites da influência americana no país, apesar do papel dos EUA na derrubada de Saddam Hussein e na condução de um novo governo.
Maliki tem buscado manter relações com o Irã, enquanto os EUA têm liderado o esforço internacional para impor sanções a Teerã. Ao mesmo tempo, o premier iraquiano parece olhar a queda potencial de Assad como um acontecimento que fortaleceria seus rivais árabes sunitas e curdos na região. Alguns Estados que estão mais ávidos para ver a partida de Assad, como Arábia Saudita, Qatar e Turquia, têm um relacionamento precário com Maliki e seu governo dominado por xiitas.
– O regime se tornou um terrorismo de Estado. Infelizmente, como de praxe, a comunidade internacional está simplesmente olhando o massacre e a eliminação de muçulmanos – disse o premier turco, Recep Tayyip Erdogan.
A Turquia se tornou um dos principais críticos de Assad e abriga 80 mil dos mais de 200 mil refugiados que fugiram para países vizinhos.