Irã convidou para conferência do Movimento dos Países Não-Alinhados o chefe da organização palestina Hamas. Isto poderá reduzir a importância do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, no evento.
A lista de convidados para a décima-sexta cúpula do Movimento dos Países Não-Alinhados, que acontece a partir deste domingo (26/08), em Teerã, tem potencial explosivo. O presidente anfitrião Mahmoud Ahmadinejad deve colocar na mesma mesa o presidente da Síria, Bashar al-Assad, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e o chefe da organização palestina Hamas, Ismail Hanija.
Os últimos participantes foram definidos pelo presidente iraniano um pouco antes do encontro de seis dias, conforme noticiou a agência estatal IRNA. Assim, Ahmadinejad pode desencorajar a presença de outros convidados, especialmente do presidente da Autoridade Nacional Palestina. Quando foi convidado por Teerã para a cúpula, há dois meses, Abbas disse que participaria do encontro como o único representante do povo palestino.
Apoio ao Hamas e a Assad
Mas por que o governo iraniano resolveu convidar os opositores de Abbas na última hora? Observadores políticos interpretam isso como um sinal de que a liderança iraniana mudou sua opinião sobre quem deveria representar os palestinos internacionalmente. O Irã dá apoio político ao Hamas, enquanto o Ocidente enxerga a organização como terrorista. Tanto o Irã quanto a organização palestina combatem a existência do Estado de Israel.
Outro convidado também poderia não ser bem-vindo: o presidente sírio Bashar al-Assad. Conforme serviços secretos, tanto Assad como o Hamas teriam o apoio do Irã por uma questão de honra. O governo do Irã acredita que a Síria faz parte de uma aliança contra o Ocidente, que conta também com a presença do Hisbolá no Líbano.
Ban contrariou Estados Unidos e Israel
Além disso, um terceiro convidado para a reunião de cúpula é motivo de discussões. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, aceitou o convite de Teerã, ignorando a objeção de Israel e Estados Unidos. Os dois países tentaram persuadir Ban a boicotar o encontro. Por trás dessa manobra está a tentativa do Ocidente de isolar diplomaticamente o Irã e afetar a economia do país com sanções.
Ban Ki-moon quer viajar a Teerã para abordar temas importantes na agenda da segurança global, como a ameaça de Teerã contra Israel e a preocupação gerada pelo programa nuclear iraniano. A viagem dele vale como uma resposta às tentativas de isolamento promovidas por Israel e Estados Unidos.
Posição iraniana ganha força
O Movimento dos Países Não-Alinhados é formado por 120 Estados que não constituem uma aliança militar. Foi fundado por 25 países em 1961, com o objetivo primordial de lutar contra o imperialismo, o racismo e a corrida armamentista, assim como promover dissolução da bipolaridade do mundo. Após o fim do colonialismo e da Guerra Fria, o encontro que acontecia de três em três anos perdeu o significado.
Ahmadinejad quer mudar isso. Ele espera atrair maior atenção internacional para o Irã nesta edição do encontro. A cúpula do Bloco dos Países Não-Alinhados começa com o encontro dos vice-ministros. Na terça-feira, os ministros do Exterior devem compor a mesa de discussões e, na quinta-feira, será a vez dos chefes de Estado.
MP/dpa/rtr
Revisão: Alexandre Schossler