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Assange apoiado por países da América Latina

Vários países latino-americanos expressaram seu apoio ao Equador no conflito com o Reino Unido no caso de Julian Assange. Especialistas consideram isto uma manifestação de solidariedade na luta pela soberania e condenam a política de duplos padrões da parte da justiça britânica.

Os ministros das Relações Exteriores de 12 países da América Latina, que fazem parte da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), apoiam completamente a decisão do governo de Equador de dar a Julian Assange asilo político. O anúncio foi feito na sequência de uma reunião ministerial extraordinária, realizada a pedido do Equador.

As intenções das autoridades britânicas de invadir a embaixada do Equador e a recusa subsequente de deixar Assange sair do Reino Unido causaram indignação em Quito. O Ministério das Relações Exteriores do Equador reagiu de forma extremamente negativa às ameaças do Reino Unido, observando que “a era colonial já passou e o Equador não é uma colônia britânica”.

Não é surpreendente que os países latino-americanos tenham mostrado solidariedade, especialmente quando se trata de soberania, diz o presidente da Universidade Americana em Moscou, Eduard Lozanski.

“Todos os países da América do Sul, muitos dos quais foram colônias, dão valor à sua independência, e cada vez querem enfatizar isso, o que é bastante natural. Se inicialmente houve algumas declarações bastante beligerantes sobre o ataque à embaixada do Equador, em seguida, a Inglaterra rapidamente abandonou esses planos, porque era uma flagrante violação de todas as convenções – a de Viena e outras. Certamente, tal teria sido condenado pelas Nações Unidas. Portanto, neste sentido, o Equador teve uma vitória moral.”

As autoridades britânicas pretendem prender e deportar Assange, logo que ele deixar a embaixada do Equador em Londres. Esta ânsia de agradar às autoridades suecas e aos Estados Unidos pode ser considerada apenas como uma política de padrões duplos. Afinal, nem todos podem usufruir do direito de asilo.

O Ministério das Relações Exteriores russo indicou que no Reino Unido dezenas de suspeitos de crimes graves encontraram refúgio e se sentem seguros, sendo a sua extradição solicitada por outros países, incluindo a Rússia, diz o diretor do Instituto de Análise Política Internacional, Evgueni Minchenko.

“Eu acho que a lógica aqui é a seguinte – existem países em relação aos quais a justiça britânica não tem dúvida de que lá a justiça está também no mais alto nível, e há países que, de acordo com as autoridades britânicas, não atendam a esses padrões. Normalmente, esta separação é, muito claramente, feita por razões ideológicas. Ou seja, há países que são apoiados e há países que não são.

Eu acho, é claro, que se trata de duplos padrões. Do meu contato pessoal com políticos britânicos posso dizer que eles acreditam que isso não são padrões duplos, mas apenas um padrão único que eles simplesmente aplicam a diferentes países, dizendo que não têm reclamações contra a justiça sueca, mas têm reclamações contra s justiça da Federação Russa.”

Esta semana, a situação da disputa entre o Equador e o Reino Unido sobre Assange será considerada pela Organização dos Estados Americanos, que inclui trinta e cinco países da América do Sul e do Norte. A reunião será realizada em Washington em 24 de agosto. Os EUA, o Canadá, e Trinidade e Tobago já se recusaram a participar nela.

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