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Argentina padece com estilo chavista de Cristina

O metrô de Buenos Aires voltou a funcionar após dez dias. O retorno ao trabalho foi possível graças a um acordo provisório que deu 23% de aumento salarial (os trabalhadores querem 28%, para repor a inflação efetiva). No pano de fundo, é uma disputa entre a presidente Cristina Kirchner e o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, adversário e candidato às eleições presidenciais de 2015. Cristina quer repassar à prefeitura o metrô, que exige investimentos pesados para se modernizar. O prefeito evita assumi-lo, e o usuário paga o preço. Macri denunciou a “chavização do país”. Não é o primeiro a fazê-lo. Ele classificou o episódio do metrô como “uma estratégia da Casa Rosada para destruir um poder político independente, da mesma forma como o presidente venezuelano atua em relação a seus opositores”.

O casamento de chavismo com kirchnerismo permeia o debate sobre a reeleição da presidente. A Constituição permite apenas uma, que já ocorreu, mas aliados da Casa Rosada defendem uma reforma constitucional que permita o terceiro mandato. O que restabeleceria o plano de Néstor Kirchner de o casal K permanecer anos a fio no poder, interrompido com a morte do ex-presidente. Outro projeto de figurino chavista.

Decisões judiciais abrem frestas no muro que o governo K ergue contra a liberdade de imprensa. Uma delas suspendeu a decisão de intervir na Cablevisión, principal operadora de TV a cabo da Argentina, em mais um round da luta do governo contra o Grupo Clarín, um dos maiores no setor de mídia do país, e que ela gostaria de silenciar, por independente. A segunda intimou o Estado a cumprir sentença que mandou incluir o Editorial Perfil (jornal e revistas) na distribuição de publicidade oficial. Esta é outra forma de desidratar grupos de comunicação “inimigos”: não lhes repassar publicidade oficial com que são agraciados veículos “amigos”.

Sobram desmandos. Recentemente, veio a público a iniciativa da Casa Rosada de permitir que presos comuns deixem o cárcere para “fins culturais” e “militar”. O que leva um governo a soltar presidiários para participar de eventos? Engrossar os comícios da presidente e, se for preciso, arranjar confusão e promover tumultos.

O fato de o patrimônio da família ter se multiplicado por nove desde 2003 diz muito sobre seu espírito público. Que foi involuntariamente resumido por Cristina na frase “si vamos a truchar, truchemos todos” (“se vamos falsificar, falsifiquemos todos”), justificando implicitamente a manipulação da inflação. Ocorreu numa palestra do economista Joseph Stiglitz, que destacou a necessidade de “os governos terem agência de estatísticas independentes”.

Com isso, cai a credibilidade da Argentina, que está apenas em sexto no ranking do investimento externo na região, apesar de ser a terceira maior economia latino-americana. A única certeza diante do futuro é que a chavização argentina criará mais problemas para o Brasil no ConeSul.

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