Eliane Oliveira
Depois da Venezuela, o Equador deve ser o próximo país sul-americano a ingressar como membro pleno do Mercosul. Já existem consultas informais a respeito dessa possibilidade. Uma nova rodada de negociações está marcada para o mês que vem e o tema certamente entrará na reunião de presidentes do bloco em dezembro.Segundo o embaixador do Equador no Brasil, Horácio Sevilla Borja, seu país foi convidado a se incorporar ao Mercosul como membro pleno e aceitou. As conversas começaram, mas o assunto é complexo, disse o diplomata.
– Estão ocorrendo agora negociações técnicas, que não são fáceis. A decisão final será tomada após essas reuniões técnicas – disse ele ao GLOBO.
Na avaliação de fontes que estão trabalhando diretamente no tema, o Equador é um mercado importante pois, assim como a Venezuela, tem grandes reservas de petróleo e gás.
– Nosso desejo é ampliar o Mercosul, mas isso tem de obedecer a procedimentos e fases de consultas e acertos – confirmou o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes.
No comércio bilateral, no primeiro semestre deste ano, a balança foi favorável aos brasileiros em US$ 389 milhões. Laminados planos, telefones celulares e outros manufaturados lideram a lista de bens exportados pelo Brasil ao Equador. Já os equatorianos vendem ao Brasil, principalmente, óleo de dendê, doces, chocolates e atum.
O presidente do Equador, Rafael Correa, tem o viés ideológico semelhante ao do líder venezuelano Hugo Chávez. Ambos são cofundadores da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), grupo que inclui Cuba e Nicarágua e cujo ponto forte é o discurso contra a política externa dos Estados Unidos.
Acordo de comércio com o Canadá
Uma fonte da área de comércio exterior revelou que, fora da região, existe a expectativa de o Mercosul fechar um acordo de livre comércio com o Canadá. Com o Brasil atualmente na presidência pro tempore do bloco, a orientação do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, é para que haja uma primeira reunião entre as partes sobre o assunto antes do fim do ano.
Com a União Europeia (UE), o próprio governo brasileiro solicitou o adiamento de mais uma rodada de negociações, prevista para o fim do mês passado, em razão dos últimos acontecimentos no Mercosul, com ênfase para a suspensão do Paraguai. Os paraguaios foram temporariamente excluídos das atividades do bloco, por causa do impeachment do ex-presidente Fernando Lugo. Uma nova data está sendo avaliada para retomar as conversas.
De acordo com um negociador, os europeus já emitiram um comunicado ao governo brasileiro assegurando que o ingresso da Venezuela no Mercosul não é fator de impedimento de uma zona de livre comércio entre os dois blocos econômicos. Como em 2014 haverá uma troca de comissários na UE, a ideia é concluir as negociações, que já duram pelo menos uma década, até meados de 2013.