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Política e economia árabes são inseparáveis

O caso de Mohamed Bouazizi, um vendedor de frutas tunisiano que descobriu que o assédio oficial tornava seu trabalho impossível, pode parecer apenas o gatilho do histórico despertar árabe.

Mas, na verdade, sua autoimolação e os protestos que motivou mostram que os problemas políticos e econômicos árabes são os dois lados de uma mesma moeda.

Os países árabes diferem muito econômica e politicamente -no seu grau de autoritarismo e perspectivas de uma mudança. Mas todos precisam de reforma e, com exceções, sofrem de problemas econômicos similares.

A disfunção fundamental dos países árabes é aquela dos Estados rentistas. Naqueles ricos em petróleo e gás, recursos naturais rendem muito mais do que custam para ser explorados.

Obter e controlar esse lucro -o seu rendimento econômico- é a principal fonte de enriquecimento, tanto o meio e como fim do poder.

Enquanto isso, a tragédia dos países árabes pobres em recursos naturais é que eles geram renda artificialmente quando a natureza não lhes proveu nada nesse sentido.

Monopólios, regulação e assédio oficial a todos servem para limitar o acesso à atividade produtiva, que geram fantásticas recompensas para poucos privilegiados ao custo de impedir o desenvolvimento de toda uma nação.

Qualquer que seja a fonte da renda, a economia rentista é o círculo vicioso no qual a concentração das oportunidades econômicas e políticas alimenta uma e outra.

É por isso que a dignidade e os meios de vida são inseparáveis nas demandas das maiorias árabes excluídas que enfim ergueram a voz.

É por isso também que as revoluções políticas por toda a região somente serão bem-sucedidas se acompanhadas de mudanças econômicas.

Mesmo enquanto Tunísia e Egito se veem às voltas com as transições políticas, o desafio econômico é urgente.

A prioridade onde os regimes passam por transformações é fazer a economia funcionar de novo. Para a região como um todo, o objetivo de longo prazo deverá ser desmantelar o Estado rentista onde for possível e afrouxar as restrições à economia.

Embora bem-vindas, as aberturas políticas na Tunísia e no Egito carregam também incertezas à economia. Um futuro nebuloso afasta investimento externo e pode motivar a fuga de capitais.

Os casos de sucesso corporativo na região são aqueles que escaparam da ingerência política. E o poder ao povo pode gerar mais populismo.

Para a democracia ser preservada, porém, a economia precisará ser despolitizada.

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