Renan Truffi
O PT e o PCdoB, com apoio de movimentos sociais e sindicais, anunciaram na noite desta terça-feira a criação de um comitê para apoiar à reeleição do presidente venezuelano Hugo Chávez. Em ato que aconteceu na sede do partido comunista, em São Paulo, integrantes de ambos e partidos leram um manifesto para prestar "solidariedade e realizar atividades para difundir e alertar o mundo sobre o plano da direita".
A secretaria de relações internacionais do PT, Loli Ilíada, explica que o objetivo é evitar que o concorrente de Chávez nas eleições venezuelanas, Henrique Caprilles Randonski, se apresente como um candidato ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Até essas eleições anteriores, o alinhamento da oposição (de Chávez) com os Estados Unidos era muito claro. Só que existe na Venezuela, como existe em grande parte da América Latina, um sentimento contrário aos Estados Unidos. Por isso, a tática agora é pouco distinta. É não se apresentar como alguém vinculado aos Estados Unidos, mas como alguém vinculado a setores importantes do Brasil. O comitê pode ir desmontando essa articulação", defendeu.
Apesar de ter Chávez ter contratado como marqueteiro político o petista João Santana, responsável pelas campanhas de Lula e da presidente Dilma Rousseff, Ioli nega que o comitê seja parte da estratégia de Santana para levar Chávez à vitória
"Na verdade, nós debatemos essa necessidade num encontro que realizamos agora na Venezuela. Discutimos essa necessidade não só no caso venezuelano, mas no caso paraguaio também. Então isso tem mais a ver com articulação política do que com jogado de marketing. Isso eu posso te garantir", argumentou.
Ainda assim, durante a leitura do manifesto, integrantes do comitê prometeram atrapalhar o sono de Capriles, caso ele venha para o Brasil em busca de apoio. "Se o Capriles vier vai ter escracho contra ele", gritou uma das lideranças do Levante Popular da Juventude, movimento que usou organizou recentemente uma série de manifestações na frente da casa de militares, acusados de tortura durante a ditadura militar.
A próxima reunião do comitê está marcada para o próximo dia 31 de julho, quando o próprio presidente venezuelano deve desembarcar em Brasília, por conta da entrada da Venezuela no Mercosul.
Além de PCdoB e PT, a Central Única de Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) também fazem parte do grupo que irá coordenar as ações do comitê.