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Comentário Gelio Fregapani – Petróleo e Geopolítica; Questões Nacionais e Sul-americanas

Assuntos:   Petróleo e Geopolítica; Questões Nacionais e Sul-americanas

Petróleo e Geopolítica – Opiniões contraditórias

Uma opinião –  O mundo atingiu a taxa máxima de produção possível e não há nada a fazer quanto a isso. As soluções apregoadas como os xistos betuminosos, folhetos, bicombustíveis e renováveis em geral não conseguirão cobrir o déficit da produção que se avizinha. Acontecendo o anunciado fim da era do petróleo nada será como dantes, mas muito antes do fim muita coisa acontecerá.

Os remédios tecnológicos podem atenuar, mas não resolverão o problema. Os breves cem anos de crescimento proporcionados pelo petróleo estão acabando e isso abalará o já precário equilíbrio mundial. Já causou as sucessivas agressões para a captura das reservas remanescentes no mundo, com as invasões do Iraque, do Afeganistão, da Líbia, as ameaças atuais à Síria e ao Irã. Estamos na iminência de fortes abalos  no sistema mundial.  Com o pré-sal e sem força militar, o Brasil que se previna.

Outra opinião –  Um aumento previsível de produção de petróleo pode levar o mundo a superprodução antes do fim da década.  O mundo terá brevemente cerca de 5 milhões de barris/dia em “capacidade ociosa” se a demanda continuar fraca por causa da recessão e a capacidade de fornecimento continuar a crescer. Pelas perspectivas de produção, o suprimento saltará de 93 milhões de barris/dia em 2011 para 110,6 milhões em 2020, provavelmente superando em muito a demanda.

Tecnologia é justamente a razão do aumento na produção. O excedente será puxado pela retomada da produção no Iraque, mas principalmente, pela exploração de fontes não convencionais de petróleo em três países: nos EUA, no Canadá e no Brasil. O maior acréscimo virá dos EUA com a nova tecnologia que permite extrair petróleo de formações rochosas antes inacessíveis. A única condição é um preço mínimo de US$ 70 por barril, que viabilize a extração nos folhelhos dos EUA, nas areias betuminosas do Canadá e no pré-sal brasileiro. O centro de gravidade do petróleo no fim desta década não será mais o Oriente Médio. Geopoliticamente isto colocará os EUA numa posição muito mais confortável, sem mais depender do Oriente Médio.

Conclusões: O cenário provável será intermediário, pelo menos nas próximas décadas. O mundo e o Ocidente dependerão menos do petróleo, principalmente do petróleo do Oriente Médio, mas as guerras pelas reservas remanescentes continuarão a ser uma ameaça para todos os produtores.

Tambores de Guerra

O Irã ameaça interromper o estreito de Ormuz com milhões de minas e mísseis, se for atacado

Os EUA localizam seus Porta-aviões e submarinos nas costas da Síria e preparam para uma eventual desminagem do estreito.

A Rússia está convergindo para o Mediterrâneo, navios das suas três maiores frotas (Mar do Norte, Báltico e Mar Negro.)

O barril de pólvora está exposto. Só falta uma fagulha. Contudo, o equilíbrio de forças pode garantir a paz.

Continua a Guerra de 4ª Geração –  

Continua a campanha terrorista-ambiental para impedir que o Brasil se desenvolva. A batalha no momento é em função da hidrelétrica de Belo Monte. A Polícia do Pará concluiu o inquérito sobre a destruição no dia 16 de junho nos canteiros de obras. Os ativistas não índios presos por envolvimento na depredação se recusaram a falar no depoimento. Os índios nem foram presos.

A depredação foi organizada pelo Movimento Xingu Vivo para Sempre e pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Contou com a ação de índios da etnia Munduruku, de Mato Grosso, que nem serão afetados pela obra.

Durante a depredação computadores foram quebrados, notebooks, celulares e radiocomunicadores roubados, aparelhos de ar-condicionado danificados, móveis, documentos e projetos queimados.

Os ativistas, ligados ao CIMI e ao Movimento Xingu Vivo para Sempre, foram identificados por imagens, relatos testemunhais e laudos periciais, comprovando o envolvimento dessas entidades na incitação à depredação. Assim como aconteceu nas anteriores, falta uma reação firme do Governo.

A questão nacional e sul-americana

Precisamos ter claro que os únicos inimigos potenciais que podemos ter no momento são os EUA, a Inglaterra e seus eventuais aliados, e que essas duas potências estão enfrentando tantas dificuldades no presente que provavelmente não estariam interessadas em abrir novas frentes. A atuação mais provável é de guerra de 4ª geração (garantir seus interesses por meios econômicos e psicológicos, só usando tropas em último caso), como já está acontecendo em relação às reservas indígenas. Não temos inimigos entre os países lindeiros. Desses, só a Colômbia e a Venezuela estão realmente armadas.    Embora a Colômbia tenha bases militares norte-americanas em seu território além das forças militares mais equipadas e preparadas da América do Sul, ela está separada de nós por uma imensidão de selva amazônica, exatamente onde estamos melhor adestrados. Por sua vez, a Venezuela se arma apenas para a própria defesa, o que para nós é vantajoso, pois é nossa primeira linha contra os potenciais inimigos que realmente nos preocupem, e além de igualmente separada de nós pela geografia, tem conosco uma história isenta de conflitos e agora ainda tem interesses comuns.

Tudo indica que questão da mudança de governo no Paraguai teve fatores mais complicados dos que aparecem a primeira vista. A causa ou pretexto seria o Lugo realmente ter um mau caráter, mas até que ponto teria influenciado algum pagamento, quer por firmas privadas quer por governos estrangeiros? Quem realmente desejaria barrar a inclusão da Venezuela no Mercosul? Os EUA, é claro. É fácil deduzir que a troca do governo paraguaio, se não foi patrocinada pelos EUA será aproveitada para meter mais uma cunha numa possível união sul-americana.

Nossas relações com os vizinhos tem nuances que merecem atenção. Ainda que uma “união” seja apenas uma utopia, devemos ser cautelosos se quisermos manter pacífica a nossa relação, baseando-a em confiança mútua e não em poder. A soberania nacional deve ser o nosso interesse primário. Se desejamos que a nossa seja respeitada, devemos respeitar a dos outros. Em suma, não devemos nem dar opinião sobre o que não é da nossa conta. Isto não impede que aproveitemos os acontecimentos e agirmos de acordo com nossos interesses.

O aproveitamento do afastamento do Paraguai para o ingresso da Venezuela foi um golpe de mestre. Com seu contencioso com os EUA, aquela nação, cercada pela Colômbia, pela Guiana e pela 4ª Frota, só pode se abastecer no Brasil. Economicamente é do nosso mais alto interesse, mas qual o preço a pagar? Certamente haverá alguma inconveniência. A Venezuela, ideologicamente, propaga a integração de países na luta contra a política americana, e basear alianças em razões ideológicas leva a dificuldades e a ações que não nos interessem caso esqueçamos que entre países não há que falar em amizade ou afinidade, mas exclusivamente em interesses. Contudo, ainda que os EUA possam desejar o controle do petróleo venezuelano, sua preocupação maior é evit ar o fortalecimento político e econômico de um Brasil que dispute os espaços de poder com ele. Nós e a Venezuela, neste momento estamos no mesmo barco em relação a área Ianomami. Ela é, contra a opinião da mídia comprada, o único aliado confiável com que podemos contar.

Por outro lado, como fica nosso relacionamento com o Paraguai? Dificilmente, mesmo em aliança com os EUA, decidirão se retirar do Mercosul.  Os problemas deles são deles, eles que tratem de resolvê-los como melhor lhes parecer. Temos que nos conformar que certamente indústrias estrangeiras lá se instalarão em busca de energia barata e concorrerão com a nossa indústria no âmbito do Mercosul. Ganharam a energia de graça, mas é deles. Que lhes proporcionem o progresso.

A verdade é que as entidades supranacionais (ONU, OEA, Mercosul) não tem servido ao Brasil, mas sim se servido do nosso País. Nosso comércio com a Argentina, a segunda maior economia do bloco, tem sido prejudicado cada vez mais por barreiras comerciais que não deveriam haver entre sócios de uma união aduaneira. Nossa política é demasiado tolerante, para não dizer “acovardada”.

Em nome da boa vizinhança temos suportado o contrabando, os roubos de automóveis, a febre aftosa e outras coisas desagradáveis.  Agora, tratemos de tornar-nos independentes, inclusiva da metade paraguaia da energia de Itaipu, e nunca mais construamos outra hidrelétrica em comum com vizinhos instáveis. A questão dos brasiguaios é importante por se tratar de nossa gente, que deve ser protegida pelo menos tão bem como os protegeriam os EUA se americanos eles fossem. Para garantir a proteção dos brasiguaios, dispomos da concessão do uso do porto de Paranaguá para acesso ao mar e em último caso do fechamento da fronteira, mas além de protegê-los devemos incentivá-los a voltar para a Pátria de onde certamente nÍ o teriam saído, se tivessem acesso à terra.

Finalmente devemos, imperiosamente, ultrapassar a nossa atual fragilidade militar. É claro que se o nosso País começar a se armar unilateralmente causará preocupações em nossos vizinhos, mas enquanto facilitarmos o rearmamento deles, que tem as mesmas preocupações que nós; saberão que apenas queremos nos defender, e até que também poderemos ajudar a se defenderem das ameaças comuns.

O tempo voa, e não volta atrás. Está passando da hora de agir!

Que Deus guarde a todos nós

Gelio Fregapani

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