O governo do Peru decretou estado de exceção em três províncias da região de Cajamarca por causa dos violentos enfrentamentos que causaram a morte de três pessoas e 20 feridos, informou nesta terça-feira o ministro da Justiça do país, Juan Jiménez. A medida constitucional que restringe a liberdade de reunião, direitos sobre segurança pessoal e inviolabilidade do domicílio será publicada nesta quarta-feira no diário oficial El Peruano.
Jiménez declarou ao Canal N da TV peruana que o decreto nas províncias de Celendín, Hualgayoc e Cajamarca se justifica como "consequência da violência promovida por maus dirigentes" e "para evitar que haja mais excessos". Manifestantes contrários ao projeto de mineração Conga, que será desenvolvido em Cajamarca pela empresa Yanacocha, fizeram uma passeata de protesto nesta terça-feira rumo à Prefeitura de Celendín para tomar o prédio, devido a recentes declarações deste prefeito contra a greve indefinida que mantêm há 34 dias.
Os protestos contra o Projeto Conga se mantêm ativos em Cajamarca desde o final do ano passado, mas faz pouco mais de um mês que várias organizações sociais, apoiadas pelo presidente regional Gregorio Santos, se declararam em greve por tempo indeterminado para erradicar a mineração da região, rica em ouro e cobre.
O governo central do Peru, presidido por Ollanta Humala, concedeu a autorização definitiva à mineradora depois que a empresa se comprometeu a quadruplicar a reserva de água para a população, evitar o esvaziamento de duas lagoas e criar um fundo social.
O ministro de Justiça peruano relatou que "uma multidão enfurecida" atacou a prefeitura, disparando contra os policiais que faziam a segurança do local e tentavam repelir a agressão. Jiménez disse esperar que a ordem interna seja restabelecida em Cajamarca e que as autoridades locais investiguem a origem das balas que deixaram mortos e feridos.
Um comunicado do Ministério do Interior indicou que há dois suboficiais da polícia que foram baleados nas pernas e três outros militares que ficaram feridos por causa de explosivos caseiros, disparos com armas de fogo e golpes na cabeça. Além disso, o Ministério informou que os mortos foram três homens – idades de 50, 35 e 17 anos. Segundo um relatório preliminar, o mais jovem sofreu traumatismo craniano pelo golpe de um objeto contundente.
O Ministério assinalou que os manifestantes incendiaram um automóvel e duas motocicletas e quebraram portas e janelas da Prefeitura de Celendín. "A procuradoria do Ministério do Interior tem instruções precisas para mover as denúncias correspondentes contra os responsáveis desses atos, que já deixaram faz tempo de ser um protesto legítimo e se transformaram em claras ações de vandalismo", acrescentou o comunicado.
Os detidos – que são entre 16 e 20 pessoas, segundo dados diferentes da procuradoria e do Ministério do Interior – serão postos à disposição da procuradoria de Justiça na cidade de Cajamarca, capital regional.