A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) realizará amanhã, a pedido do governo turco, uma reunião de emergência para discutir a ação que derrubou um caça da Turquia na sexta-feira. No dia seguinte à queda do avião, a Síria admitiu tê-lo abatido, afirmando que ele teria invadido seu território. Já Ancara afirma que a aeronave estava desarmada e voava em espaço aéreo internacional.
Mesmo se a Otan confirmar que a versão dos turcos é a correta, porém, a reunião de amanhã não deverá resultar em uma intervenção armada da aliança atlântica contra o governo sírio.
Ontem, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, condenou o ataque. "Os EUA condenam esse ato descarado e inaceitável. Isso é mais um reflexo do insensível desrespeito do governo sírio por normas internacionais, a vida humana, a paz e a segurança", disse.
Hillary afirmou que Washington manterá um contato próximo com as autoridades turcas enquanto elas determinam sua resposta. Ancara já ameaçou retaliar – ao iniciar as buscas pelos dois pilotos desaparecidos na ação, que até ontem não tinham sido encontrados – mas não disse que medida irá tomar.
"Trabalharemos com a Turquia e outros parceiros para responsabilizar o regime de (Bashar) Assad", disse a americana.
A mídia estatal turca afirmou que os destroços da aeronave de reconhecimento RF-4E no Mar Mediterrâneo, a 1.300 metros de profundidade, mas Ancara não confirmou o relato.
Mais mortes. Segundo relatos, cerca de 40 pessoas foram mortas ontem durante novos confrontos entre os rebeldes que tentam derrubar o presidente sírio e as tropas do governo de Assad.
Caça turco cometeu "clara quebra da soberania síria", diz porta-voz*
As forças de defesa área da síria tiveram que reagir imediatamente a um caça turco voando a 100 metros de altitude dentro do espaço aéreo da Síria, no que foi uma "clara quebra da soberania síria", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Johad Makdissi nesta segunda-feira.
"A Síria reagiu a uma quebra", disse ele numa entrevista coletiva sobre o incidente ocorrido na sexta-feira. "Tivemos que reagir imediatamente, mesmo se o avião fosse sírio nós teríamos derrubado", acrescentou.
Makdissi disse que o caça –um Phantom F4 da Força Aérea Turca– foi derrubado por uma artilharia antiaérea, não um míssil teleguiado.
Apesar do incidente, a Síria permanece comprometida com um "relacionamento de vizinhança" com a Turquia, disse Makdissi.
(Reportagem de Oliver Holmes e Mirna Sleiman)
*AG Reuters