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Hugo Chávez interrompe envio de petróleo da Venezuela ao Paraguai

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ordenou neste domingo (24) a retirada do embaixador venezuelano em Assunção, José Franciso Javier Arrué, e a interrupção do envio de petróleo, após a destituição, na sexta-feira, do presidente Fernando Lugo pelo Senado paraguaio.

"Ordenei retirar nosso embaixador de Assunção (…). E também vamos retirar o envio de petróleo. Sentimos muito, mas nós não vamos apoiar de forma alguma esse golpe de Estado", afirmou Chávez nas cerimônias de comemoração do 191º aniversário da batalha de Carabobo.

"Digo ao ministro da Energia, Rafael Ramírez, que interrompa o envio de petróleo fruto do acordo energético de Caracas", declarou o presidente, arrancando aplausos entre os presentes.

Chávez voltou a classificar de "golpe de Estado ilegal e inconstitucional" o julgamento que destituiu Lugo, e assinalou que "sempre que a burguesia e a direita governam, acontecem essas coisas".

O presidente da Venezuela referiu-se ao novo presidente paraguaio, Federico Franco, como "o usurpador" que presume ter "salvo o Paraguai de se tornar um satélite chavista".

"Foi o mesmo que disseram quando derrubaram Zelaya (ex-presidente de Honduras). Usam a mim como desculpa. Veja você, são os mesmos que tornaram o Paraguai uma colônia ianque por vários anos", alfinetou.

Abastecimento
O titular da Petropar, a estatal de petróleo paraguaia, Sergio Escobar, disse ao diário “ABC Color” que o país tem reservas de petróleo que garantem o abastecimento do país por ao menos dois meses, além de contratos com outras empresas.

Segundo Escobar, o mercado deve ficar tranquilo, porque a estatal conta com 130 mil metros cúbicos de reserva e contratos vigentes com a Petrobras, que prevê 32 mil metros cúbicos de combustível por mês, além da empresa Trafigura, que garantiria 70 mil metros cúbicos mensais.

O diretor da Petropar também disse que o setor privado fornece cerca de 25 mil metros cúbicos adicionais, reforçando que a população não deve se alarmar com o anúncio de Chávez.

Brasil
O Itamaraty anunciou na noite deste sábado (23), por meio de nota, que convocou o embaixador do Brasil no Paraguai para consultas.

O país também condenou o "rito sumário" de destituição de Lugo.

A presidente Dilma Rousseff fez uma reunião ministerial de emergência para discutir a crise.

Mais cedo, o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o Brasil deve seguir a posição da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) no caso e não descartou sanções.

A cúpula presidencial da Unasul, que analisará a crise no Paraguai após a destituição do presidente Fernando Lugo, será realizada na quarta-feira (27) em Lima, no Peru.
 

Crise no Paraguai
Federico Franco assumiu o governo do Paraguai na sexta-feira (22), após o impeachment de Fernando Lugo. O processo contra Lugo foi iniciado por conta do conflito agrário que terminou com 17 mortos no interior do país. A oposição acusou Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de maneira "imprópria, negligente e irresponsável".

Ele também foi acusado por outros incidentes ocorridos durante o seu governo, como ter apoiado um motim de jovens socialistas em um complexo das Forças Armadas ou não ter atuado de forma decisiva no combate ao pequeno grupo armado Exército do Povo Paraguaio, responsável por assassinatos e sequestros durante a última década, a maior partes deles antes mesmo de Lugo tomar posse.

O processo de impeachment aconteceu rapidamente, depois que o Partido Liberal Radical Autêntico, do então vice-presidente Franco, retirou seu apoio à coalizão do presidente socialista. A votação, na Câmara, aconteceu no dia 21 de junho, resultando na aprovação por 76 votos a 1 – até mesmo parlamentares que integravam partidos da coalizão do governo votaram contra Lugo. No mesmo dia, à tarde, o Senado definiu as regras do processo.

Na sexta-feira, 22 de junho, o Senado do Paraguai afastou Fernando Lugo da presidência. O placar pela condenação e pelo impeachment do socialista foi de 39 senadores contra 4, com 2 abstenções. Federico Franco assumiu a presidência pouco mais de uma hora e meia depois do impeachment de Lugo.

Em discurso após o impeachment, Lugo afirmou que aceitava a decisão do Senado.

Mas, neste domingo, Lugo disse que não reconhece o governo de Federico Franco e que, portanto, não deve aceitar o pedido do novo presidente para ajudá-lo na tarefa de explicar a mudança de governo a países vizinhos.

O presidente deposto também afirmou que vai à reunião do Mercosul marcada para o fim da semana em Mendoza, na Argentina, para a qual o chanceler do novo governo também confirmou presença.

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