Os Estados Unidos descartaram ontem o envolvimento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Síria. O embaixador norte-americano na entidade afirmou que a aliança militar ocidental não planeja intervir militarmente no país, em conflito há mais de um ano. Enquanto isso, duas pessoas foram mortas ontem pela polícia síria, que abriu fogo contra uma multidão que recepcionava observadores da Organização das Nações Unidas (ONU), na província de Deir al Zor (leste).
O representante norte-americano na Otan, Ivo Daalder, disse que uma ação militar poderia ser danosa à situação síria. “A introdução de mais poder militar por parte de grupos de fora do país, ou o armamento dos grupos de oposição, poderia militarizar o conflito de modo contraprodutivo”, afirmou. Enquanto se discute o que será possível fazer na Síria, as mortes continuam. “Assim que o comboio da ONU entrou em Al-Busaira, centenas de pessoas saíram para dar as boas-vindas.
Em questão de minutos, elas foram alvejadas”, disse à agência Reuters Abu Laila, manifestante ligado ao opositor Exército Livre da Síria (ELS). Segundo Abu Laila, os observadores deixaram o local e se recusaram a voltar, após terem sido chamados. O manifestante acrescentou que, depois disso, houve confrontos entre rebeldes e forças leais ao ditador Bashar Al-Assad. Uma outra fonte oposicionista na província disse que as forças do governo começaram a disparar canhões antiaéreos contra Al-Busaira.
A ONU mantém atualmente 257 observadores desarmados para monitorar a ineficaz trégua, em vigor no país desde 12 de abril. Mais cinco pessoas morreram na capital, Damasco, após a detonação de um explosivo, de acordo com o Observatório Sírio pelos Direitos Humanos (OSDH). A ONU estima que mais de 10 mil pessoas foram mortas desde o início do levante, em 15 de março de 2011.
Apoio turco O presidente turco, Abdullah Gul, duvida dos esforços internacionais para pôr fim à crise síria. “Até agora, a comunidade internacional tem se mostrado fraca em seus esforços para enfrentar a crise na Síria”, declarou o chefe de Estado, durante discurso em Chicago, nos EUA. Gul ressaltou que a Turquia faz “todo o possível para aliviar o sofrimento do povo sírio” e já abriga mais de 23 mil refugiados vindos da Síria, assim como membros da oposição política e líderes rebeldes armados.
O plano de paz do emissário internacional Kofi Annan previa um cessar-fogo para 12 de abril. A medida aprovada pelo Conselho de Segurança havia sido aceita pelo regime sírio. Desde então, vem sendo violada diariamente. Treze libaneses são sequestrados As autoridades do Líbano anunciaram que o Exército Livre da Síria sequestrou ontem 13 libaneses xiitas na província de Aleppo, no norte da Síria.
O grupo retornava a seu país após uma peregrinação no Irã. No fim de 2011, o mesmo grupo havia sequestrado, em Homs, cinco membros dos Guardiães da Revolução, uma unidade de elite das Forças Armadas iranianas. Tanto o Irã quanto o governo libanês, dominado pela milícia Hezbollah, são considerados importantes aliados do regime de Bashar Al-Assad. Em Beirute, vários xiitas protestaram contra o sequestro queimando pneus e bloqueando uma rua do bairro de Mar Mkhail.