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Europa perde seu maior satélite de observação terrestre

Há cerca de um mês, os cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) entraram em alvoroço: o contato com o maior satélite ambiental europeu, o Envisat, havia sido perdido. Todas as tentativas de restabelecer o contato com o colosso de 8,2 toneladas falharam. Diante do fracasso, a ESA não teve outra opção e deu por encerrada a missão do Envisat, depois de dez anos.

No fim das contas, o satélite durou muito mais do que os pesquisadores esperavam na ocasião de seu lançamento, em 1º de março de 2002. "Satélites são sempre enviados para o espaço com uma determinada expectativa de vida", explica Johann-Dietrich Wörner, presidente do Centro Aeroespacial Alemão (DLR). Quando o Envisat, que custou mais de 2 bilhões de euros, foi lançado, há uma década, acreditava-se que ele teria uma vida útil de cinco anos.

Agora, o que mais preocupada os peritos espaciais é o fato de o satélite estar flutuando livremente pelo espaço. Seria problemático se ele se chocasse com meteoritos ou outros detritos. Os cientistas ainda não sabem dizer por que o satélite falhou de repente. "Ainda não há clareza sobre as razões", lamenta Wörner. As possibilidades vão de um processo normal de envelhecimento do dispositivo até a colisão com um meteorito, na qual peças centrais poderiam ter sido danificadas.
 

Satélite multifuncional

Como o próprio nome diz – Envisat (do inglês environment, meio ambiente) –, o satélite foi colocado em órbita para servir à observação ambiental. "Ele era capaz de medir com exatidão a umidade na atmosfera terrestre e também a temperatura na superfície do mar, por exemplo", diz Wörner.

Com um sistema de radar especial, o dispositivo funcionava mesmo sob condições climáticas desfavoráveis, como tempo encoberto. Além disso, ele conseguia trabalhar na ausência da luz do dia. "Uma grande vantagem", considera Wörner, que define o Envisat como um satélite multifuncional.

O dispositivo a 800 quilômetros de altura era capaz também de fornecer dados e informações importantes para a gestão de catástrofes, por exemplo após um terremoto. Com suas câmeras e espectômetros, o Envisat conseguia registrar com precisão os acontecimentos. "Por exemplo onde o maior número de casas foi destruído ou onde ocorreram incêndios florestais", exemplifica o pesquisador do DLR.

Em 2010, após a explosão da plataforma de petróleo Deepwater Horizon, no Golfo do México, o Envisat informou os pesquisadores sobre o tamanho da mancha de óleo no mar.

Os dados fornecidos pelo satélite também podiam ajudar na prevenção dos estragos causados por desastres ambientais. "Se, após um terremoto, houvesse a ameaça de tsunami, o nível da água também mostraria alteração", afirma Wörner. Como o satélite conseguia captar registros precisos da superfície marítima, era possível alertar sobre a iminência de um tsunami com maior rapidez. Na Indonésia, isso mostrou-se eficiente na prática, garante o especialista.

O Envisat precisava de apenas 90 minutos para dar uma volta na Terra – "o mesmo tempo que a Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês)", explica Wörner. Os especialistas conseguiam determinar o ponto exato em que o satélite se encontrava com base em um espelho de laser nele instalado.

Procura-se um substituto

Especialistas aeroespaciais europeus ainda estão trabalhando em um sucessor para o Envisat. Em 2013, uma família de pequenos satélites deverá iniciar sua jornada. A nova geração de satélites de observação – batizada de "Sentinels" (sentinelas ou vigias, em português) – é um projeto realizado em parceria pela ESA e a Comissão Europeia. Mas nenhum dos novos dispositivos é tão grande e complexo quanto o Envisat. Os especialistas estão trabalhando sob pressão, pois, segundo Wörner, a perda do satélite deixou uma lacuna.

Enquanto isso, o maior satélite de observação terrestre da Europa segue girando ao redor da Terra como lixo espacial. "Ele não atingirá a Terra", garante Wörner. Apesar disso, especialistas estão trabalhando meticulosamente numa missão para recolher o Envisat e outros "satélites não cooperativos" – o que ainda levará alguns anos. Segundo Wörner, a tecnologia necessária para isso é muito complexa.

Autora: Vera Freitag (lpf)
Revisão: Alexandre Schossler

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