Alberto Komatsu
O Brasil deverá movimentar US$ 110 bilhões para a aquisição de 1.090 aviões até 2030. A estimativa é da fabricante americana Boeing, líder de mercado no país, com 45% de participação, ou o equivalente a 180 jatos em operação. Em sua maioria, são modelos 737-300, operados principalmente pela Gol e pela Webjet.
A projeção foi divulgada pela Boeing na semana passada, em Seattle (EUA), sede da fábrica de aviões comerciais da companhia. O estudo engloba o mercado total, não só a projeção de vendas da própria Boeing.
A estimativa mostra que o Brasil deverá responder por 42% da necessidade de aviões da América Latina, em quantidade, até 2030. De acordo com a Boeing, a região deverá comprar 2.570 aeronaves para uso comercial, nos próximos 18 anos. O México vem em segundo lugar, com 445 jatos. Demais países ficam com os 41% restantes.
Em volume de investimentos, o Brasil deverá responder por 44% do movimento de US$ 250 bilhões, previsto para a América Latina até 2030. O México, por sua vez, tem potencial para investir US$ 35 bilhões, ou o equivalente a 14% do total. Outros US$ 105 bilhões ficarão a cargo de outros países latino-americanos.
"As maiores companhias da América Latina têm potencial para competir com qualquer companhia aérea do mundo", afirmou o diretor de marketing da divisão de aviação comercial da Boeing para a América Latina, Mike Barnett.
O executivo chamou a atenção para as projeções de crescimento da América Latina, entre as melhores do mundo entre os anos de 2011 e 2030. Pelo estudo da Boeing, o tráfego aéreo na América Latina deverá registrar crescimento médio anual de 6,7%, acima da média mundial, de 5,1% prevista para esse período.
É a terceira maior taxa, considerando-se o fluxo de passageiros dentro de uma mesma região. Perde apenas para os 7,5% da China e os 7% da Ásia-Pacífico.
"O Brasil é muito importante para nós tanto no segmento de defesa quanto no comercial. O país tem um tremendo crescimento econômico que o torna um parceiro que nós realmente queremos fazer negócios", diz o vice-presidente de estratégia internacional e desenvolvimento de negócios da divisão de aviões comerciais, Travis Sullivan.
Grande parte do crescimento de países e regiões emergentes, conforme a Boeing, virá da perda de participação da América do Norte e da Europa, os dois maiores e mais tradicionais mercados da aviação comercial.
Segundo a Boeing, em 1990 a América do Norte e a Europa respondiam por 72% do tráfego aéreo global. Em 2010, essa fatia recuou para 55%. Até 2030, essas duas regiões deverão ter participação combinada de 41%.
A previsão da demanda global de aviões entre 2011 e 2030, segundo a Boeing, é de 33,5 mil unidades. O investimento está estimado em US$ 4 bilhões nesse período. O estudo da fabricante americana prevê que a frota mundial para uso comercial deverá ter 39,5 mil aviões, em 2030. Em 2010, o total era de 19,2 mil.
As previsões da companhia americana também mostram que a América Latina deverá apresentar o sexto maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, até 2030, com taxa média anual de 4,2%. A maior média de expansão deverá ficar com o sul da Ásia (7,1%), seguida pela China (7%), Ásia-Pacífico (4,7%), África e Sudeste da Ásia, estes dois últimos com média por ano de 4,4%.