Os paramilitares deram um prazo de 72 horas para que o governo se posicione sobre o caso. O grupo é o mesmo que derrubou o então presidente Jean Bertrand Aristide em 2004.
A resposta do governo – dada por meio de rádios locais – foi uma ordem para que a milícia abandone imediatamente antigas bases do Exército ocupadas há meses.
"Decidimos que não vamos recuar. Estamos dizendo a eles [governo] que o Exército deve voltar", disse o ex-sargento Larose Aubin, uma das lideranças do grupo, à Associated Press.
As declarações foram dadas durante uma entrevista convocada pelos paramilitares em uma base ocupada em Porto Príncipe.
"Liberdade ou morte. A vitória será nossa, não importa o que aconteça", disse Aubin.
Segundo relatório feito pelo governo haitiano em dezembro de 2011, a milícia conta com até 15 mil integrantes em todo o país – entre ex-militares e jovens voluntários.
Desmobilização
O Exército haitiano foi desmobilizado em 1995 por Aristide, após sucessivas tentativas de golpe.
Em 2004 ex-militares ajudaram a derrubar o presidente, então em seu segundo mandato, provocando o início da atual missão de paz da ONU no país.
Tropas comandadas pelo Brasil derrotaram a milícia em meados de 2005.
Porém, no ano passado eles voltaram a se mobilizar após o presidente Martelly prometer, durante campanha presidencial, a remobilização da força.
Para pressioná-lo a cumprir a promessa, os ex-militares ocuparam uma série de bases abandonadas e invadiram um prédio do governo em Cap Haitien neste ano.
Na semana passada, 50 integrantes do grupo, parte deles armados com fuzis, se manifestaram em frente ao Parlamento – intimidando parlamentares.
Tumulto
A elevação do tom e as ameaças feitas pelos ex-militares nesta terça-feira aumentou a tensão em Porto Príncipe – já tumultuada por uma greve geral da polícia.
Moradores revoltados com a falta de segurança chegaram a fazer barricadas em ruas do centro na segunda-feira e foram dispersados por militares da ONU.
Segundo o tenente-coronel Marcos Santos, porta-voz militar da ONU, todas as tropas da organização estacionadas em Porto Príncipe foram acionadas para substituir a polícia na capital.
"Estamos monitorando a situação dos ex-militares e podemos ser acionados se as polícias local e da ONU não conseguirem resolver a situação", disse.
Representantes do Ministério do Interior devem receber uma comissão de ex-militares nesta quarta-feira para negociar o pagamento de pensões e uma solução pacífica para o impasse.