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Oposição síria rejeita exigências do governo de ‘garantias’ para cessar-fogo

A oposição da Síria rejeitou neste domingo a exigência do governo do país, de receber "garantias por escrito" de que os rebeldes vão cessar os combates e entregar as armas antes da implementação do cessar-fogo no dia 10 de abril.

Porta-vozes da oposição acusaram o presidente sírio, Bashar al-Assad, de sabotar o acordo negociado pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan.

Os rebeldes já tinham dado garantias de que iriam suspender os combates se as forças do governo fizessem o mesmo.

Mas, neste domingo, o governo sírio afirmou que quer garantias por escrito da oposição antes de retirar suas tropas de zonas de conflito no país. O governo sírio também exigiu uma promessa de governos de outros países de que não vão financiar ou fornecer armas aos rebeldes.

O Ministério das Relações Exteriores sírio afirmou que Annan ainda não havia apresentado "garantias por escrito sobre a aceitação pelos grupos terroristas da interrupção de toda a violência".

Dois dias antes do prazo para o início do cessar-fogo negociado pela ONU para interromper a onda de violência, as declarações do governo e dos rebeldes sírios colocam em dúvida a implementação deste cessar-fogo.

A violência no país parece estar se intensificando nos últimos dias e, apenas no sábado, pelo menos 160 pessoas teriam sido mortas, segundo grupos de ativistas da oposição síria.

Há informações de mais combates violentos no país neste domingo, mas estas informações não podem ser verificadas de forma independente.

Dezenas de pessoas teriam sido mortas ou feridas quando os tanques do governo atacaram áreas na província de Idlib, segundo informações passadas por telefone à agência de notícias Reuters pelo ativista Mahmoud Ali.

Plano em dúvida

O governo da Síria divulgou suas novas exigências apenas 48 horas antes do prazo dado para que o Exército sírio se retire de cidades do país.

Ao fazer isto, Damasco colocou em dúvida todo o acordo de cessar-fogo apresentado por Kofi Annan, segundo o repórter da BBC Grant Ferrett.

De acordo com o plano de seis pontos apresentado por Kofi Annan e que recebeu a aprovação da ONU na semana passada, todos os envolvidos no conflito sírio concordariam em interromper a violência armada no dia 10 de abril, com um cessar-fogo completo até o dia 12 de abril.

Mas o Ministério das Relações Exteriores afirmou no domingo que os relatos de que o governo sírio retiraria suas tropas das cidades e dos subúrbios até a terça-feira é "uma explicação errada".

A declaração síria afirma ainda que Annan "também não submeteu garantias por escrito de que os governos do Catar, da Arábia Saudita e da Turquia interrompam o financiamento de grupos terroristas".

O Ministério das Relações Exteriores sírio afirma que não quer que os rebeldes explorem a retirada dos soldados para se reorganizarem e conseguirem mais armas.

"A Síria tem um plano para a retirada militar que já está sendo implementado, mas para completar e alcançar o principal objetivo, teremos que ter, definitivamente, garantias do outro lado e daqueles que os apoiam", disse Jihad Makdissi, porta-voz do ministério.

Um porta-voz do Exército Livre da Síria disse à agência de notícias Reuters que a organização rebelde vai suspender o combate de acordo com o cessar-fogo proposto pela ONU.

"Mas, se eles (forças do governo da Síria) dispararem, vamos pegar as armas de novo e lutar contra eles", disse Qassem Saad al-Deen.

Outro membro do grupo rebelde, Riad al-Asaad, disse que suas forças não receberam nenhum pedido de garantia por escrito e que eles já tinham dado a palavra, prometendo que, se o governo se comprometer com o plano da ONU, eles também vão se comprometer.

Mas, para al-Asaad, o governo "não vai implementar este plano. O plano vai fracassar".

O governo sírio vem acusando os grupos que lutam pela derrubada do regime do presidente Bashar al-Assad de serem organizações terroristas financiadas com a ajuda de países estrangeiros.

O impasse deixa o cronograma e a própria essência do plano de Annan em dúvida.

Uma equipe de enviados da ONU está em Damasco para negociar a chegada de observadores internacionais, que supervisionariam o processo de cessar-fogo. Annan diz que caso as negociações sejam bem-sucedidas, uma equipe de 200 a 250 monitores pode ser despachada para a Síria.

A ONU estima que 9.000 pessoas já morreram desde março do ano passado, quando começou a insurgência contra o regime de Al-Assad.

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