Por que esperar 30 horas para agir? Por que os policiais não conseguiram invadir a residência de Merah logo na primeira tentativa? Como é possível que a melhor unidade da polícia não tenha conseguido apreender um homem sozinho? Essas são as perguntas lançadas na manhã desta sexta-feira por especialistas e a imprensa francesa.
O fundador do Grupo de Intervenção da Polícia Nacional, uma unidade concorrente do RAID, Christian Prouteau acredita que a operação não tinha um esquema tático preciso e favoreceu a resistência de Merah. Para ele, ao invés de utilizar bombas de gás lacrimogênio, a opção do intenso bombardeio reforçou a tensão e incitou o atirador a enfrentar a polícia.
Em plena campanha eleitoral na França, a oposição ao presidente Nicolas Sarkozy também lançou críticas à operação. O candidato socialista François Hollande, declarou durante seu comício ontem em Aurrillac, na mesma região dos ataques, que as operações de monitoramento de Merah foram falhas. O suspeito estava sendo vigiado pelas autoridades francesas após ter passado por treinamentos no Afeganistão e no Paquistão.
O promotor de Paris, François Molins, defendeu a ação do RAID, dizendo que foi feito o máximo para apreender Merah vivo e só atacá-lo se fosse em legítima defesa, como foi o caso. Já o advogado do suspeito, Christian Etelin, a morte dele é o resultado lógico da estratégia adotada pela polícia. Segundo Etelin, nada foi feito para que um verdadeiro diálogo fosse promovido entre polícia e o atirador.
A favor de Sarkozy
Os trágicos acontecimentos de Toulouse estão reforçando a campanha do candidato-presidente Nicolas Sarkozy. Uma pesquisa eleitoral realizada pelo CSA mostrou que o líder francês venceria no primeiro turno das presidenciais francesas com 30% das intenções de voto contra 28% de seu principal rival, o socialista François Hollande. Esta foi a primeira pesquisa de opinião realizada após os ataques no sul da França e reflete o papel adotado por Sarkozy como o "chefe-protetor" do país.
Assuntos como a segurança nacional, terrorismo, controle das fronteiras e a imigração – tradicionais da direita francesa – foram os principais pontos abordados pelo líder francês nesses últimos dias. O candidato-presidente também anunciou ontem o reforço do arsenal penal destinado a lutar contra a apologia ao terrorismo, como a restrição ao acesso a determinados sites na internet.