Marta Vieira
Estado de Minas
O Ministério da Defesa começou no Rio de Janeiro e em Minas Gerais um amplo levantamento para mapear a capacidade da indústria nacional de atender as demandas de equipamentos, tecnologias e insumos das Forças Armadas, apurando também as vulnerabilidades do setor na concorrência com os produtos importados. A determinação do governo é de elevar o conteúdo de nacionalização das compras na área de defesa e estimular as fábricas brasileiras.
Foi o recado dado ontem aos industriais do chamado vale da eletrônica de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, pelo general Aderico Visconte Pardi Matttioli, diretor do Departamento de Produtos de Defesa, da Secretaria de Produtos de Defesa, criada no ano passado pelo ministério.
"O governo entende que a defesa pode alavancar a base industrial nacional, o desenvolvimento de tecnologia e as exportações nessa área", disse em reunião com empresários de 10 empresas interessadas em atuar no segmento, das quais quatro já vendem produtos para as Forças Armadas. Além do trabalho de mapeamento da indústria brasileira, o Ministério da Defesa está empenhado numa política institucional de aproximação com os vizinhos da América do Sul, que pode criar oportunidades de negócio a partir da integração das tropas. "Muito mais que uma ameaça, essas parcerias representam oportunidades para o Brasil", afirmou.
Mattioli não soube informar o orçamento do ministério para este ano e nem como as compras podem evoluir, mas empolgou os empresários e os representantes do Conselho da Indústria de Defesa e Compras Governamentais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), organizador do evento. O presidente do conselho, Marco Antônio Castello Branco, observou que, para a manutenção da capacidade operacional da indústria brasileira que abastece o sistema de defesa no país, são necessárias compras rotineiras de R$ 4 bilhões por ano. O contingenciamento dos gastos da União neste ano, portanto, preocupa o setor.
Santa Rita do Sapucaí tem potencial para ser um fornecedor de excelência de peças e partes de produtos finais, como armamento e motores de veículos de defesa, avalia Roberto Souza Pinto, presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel). "Plantamos, hoje, a semente de um novo segmento que as nossas empresas começam a pesquisar e a desenvolver." Segundo ele, as indústrias da cidade têm condições de investir no fornecimento ao sistema de defesa nacional de sensores de automação, de sistemas de segurança e de acionamento e controle a distância.