A Embraer, terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo, registrou prejuízo líquido de R$ 171,6 milhões no quarto trimestre de 2011, ante lucro de R$ 208 milhões em igual período do ano anterior, informou a companhia nesta terça-feira (20).
No ano, o lucro líquido foi de R$ 156,3 milhões, o que representa queda de 72,75% ante os R$ 573,6 milhões apurados em 2010.
Segundo a companhia, por conta do pedido de concordata da AMR, controladora da companhia aérea American Airlines, e das exposições relativas a garantias financeiras e de valor residual, foram registradas provisões no quarto trimestre que totalizaram R$ 662,6 milhões.
"Se excluídos todos os eventos extraordinários mencionados anteriormente, que tiveram um efeito líquido de aproximadamente R$ 556 milhões", o lucro líquido no trimestre teria sido de R$ 523,3 milhões, informou a empresa.
A receita líquida da companhia somou R$ 3,67 bilhões entre outubro de dezembro de 2011, uma alta de 9,8% ante o mesmo período do ano anterior. No fechado de 2011, a receita ficou em R$ 9,86 bilhões, alta sobre os R$ 9,38 bilhões apurados no ano anterior.
O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 101,3 milhões no período, ante R$ 334,6 milhões registrados um ano antes. Em 2011, ficou em R$ 923 milhões, queda sobre 2010, quando registrou R$ 1,07 bilhão.
No quatro trimestre, a Embraer entregou 32 jatos comerciais e 50 jatos executivos. Segundo a empresa baseada em São José dos Campos (SP), considerando o total de entregas e os novos pedidos firmes, a carteira de encomendas encerrou o ano em US$ 15,4 bilhões, um pouco abaixo dos US$ 15,6 bilhões do ano anterior.
Depois da desvalorização do real em setembro, a Embraer contratou algumas operações de hedge financeiro para reduzir a exposição de seu fluxo de caixa em 2012, uma vez que os custos denominados em reais são maioreis do que as receitas.
Para este ano, cerca de 45% da exposição ao real está protegida, e segundo a empresa, caso o dólar se deprecie abaixo de R$ 1,75, as operações de hedge compensarão os efeitos da apreciação do câmbio.
Concordata da AMR
A American Airlines e sua controladora AMR pediram concordata em 29 de novembro para cortar custos e tentar lidar com o aumento dos preços dos combustíveis e uma demanda aérea deprimida nos Estados Unidos .
Por conta disso, informou a companhia, e da provável modificação do perfil de sua frota, a Embraer provisionou um total de R$ 583,2 milhões no quatro trimestre para fazer frente a possíveis despesas relacionadas às garantias financeiras e de valor residual emitidas quando do financiamento ds 216 aeronaves que são atualmente operadas pela American Eagle, subsidiária da AMR.
"A decisão final da AMR de como gerenciará a operação destas aeronaves ainda está em curso, porém, esta provisão representa a melhor estimativa baseada no cenário atual", informou a Embraer em seu release de resultados.
A companhia informou que espera que o valor da provisão seja suficiente para cobrir todas as despesas esperadas com estas obrigações. "O desembolso de caixa relacionado a estas garantias está previsto ocorrer ao longo dos próximos anos", disse.
A Embraer disse, ainda,"que dado o potencial impacto no mercado secundário de jatos regionais que podem ocorrer devido ao aumento de disponibilidade de aeronaves provenientes do processo de reestruturação da AMR, a empresa revisou suas provisões referentes a outras garantias financeiras e de valor residual (RVG) e o valor líquido de tais provisões foi de R$ 79,4 milhões".