As Forças Armadas brasileiras terão, até o final deste ano, uma doutrina conjunta de apoio de fogo. Quem garante é o brigadeiro-do-ar Maximo Ballatore Holland, que coordenou o I Seminário Apoio de Fogo em Operações Conjuntas. O evento, proposto pelo Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), reuniu cerca de 90 militares do Ministério da Defesa, Marinha, Exército e Aeronáutica.
Durante o encontro, palestrantes das três Forças e um convidado especial da Real Força Aérea britânica discutiram o emprego de aviões e helicópteros de ataque, artilharia terrestre e naval. Atualmente, ainda está em vigor um manual preparado em 1980, pelo extinto Estado- Maior das Forças Armadas (EMFA).
Segundo o brigadeiro Ballatore, a implantação do EMCFA trouxe um forte impulso na doutrina de ações conjuntas. “Podemos observar um grande avanço nas últimas manobras e operações realizadas pelas Forças no ano passado”, afirmou. “Hoje, há uma maior integração entre Marinha, Exército e Aeronáutica. Esse avanço se reflete nos aspectos táticos, estratégicos e políticos.”
Grupos
Nos últimos dois dias, três grupos de trabalho (Alfa, Bravo e Charlie) analisaram os diversos pontos levantados e prepararam propostas de alteração e aperfeiçoamento da Instrução Provisória sobre Apoio de Fogo, elaborada pela Força Aérea Brasileira (FAB), com apoio dos comandos de Operações Navais (CON), de Operações Terrestres (Coter) e Geral do Ar (Comgar).
O grupo Alfa teve como tópicos de análise o sistema de apoio de fogo e efeitos desejados; sistema de apoio de fogo conjunto; planejamento e coordenação; missões pré-planejadas e missões imediatas. O grupo Bravo estudou as medidas de coordenação de apoio de fogo; zonas de fogo e limites; medidas permissivas; medidas restritivas e coordenação do uso do espaço aéreo. O grupo Charlie trabalhou órgãos de coordenação e controle; comando e controle nas Forças Naval, Terrestre e Aérea Componente e no Comando Combinado.
Riscos
Para o brigadeiro Ballatore, a palestra proferida pelo wing commander (tenente-coronel) Mark G. Jackson, da Força Aérea Real, trouxe um interessante elemento de comparação. “Trata-se de um piloto de Tornado com grande experiência no Afeganistão. Em sua exposição, ficou claro que, mesmo num país com tradição consolidada em termos de apoio de fogo, há riscos de fratricídio por falhas no sistema de comando, controle, comunicação e inteligência (conhecido pela sigla C3I).”
Boa parte do encontro foi utilizada para mostrar os meios da FAB para C3I, como os aviões R-35 (Learjet), R-99 e veículos aéreos não-tripulados, como o Hermes. Também se analisou o uso futuro de satélites. Além disso, foram promovidos debates e apresentadas as conclusões do 1º Workshop de Apoio Aéreo Aproximado, realizado em setembro do ano passado.
A programação do EMCFA inclui mais dois seminários a serem realizados ainda neste ano. Sob coordenação da Marinha, haverá um encontro para discutir a atuação das Forças Armadas em face de ameaças terroristas. O Exército tratará da defesa territorial.
Foto: CECOMSAER