José Monserrat Filho
Chefe da Cooperação Internacional da AEB
Autoridades argentinas farão visita inédita ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. Os visitantes vão conhecer as instalações já existentes e as que estão em obras.
Uma delegação de alto nível da Argentina visita hoje (15) o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, considerado um dos locais mais privilegiados do mundo para lançamentos espaciais seguros, econômicos e competitivos.
A visita atende ao convite formulado, em 2011, pelo então presidente da Agência Espacial Brasileira, Marco Antonio Raupp, hoje ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, durante reunião no Itamaraty sobre a cooperação entre os dois países para o uso pacífico do espaço exterior.
A comitiva visitante será presidida pelo embaixador Luis María Kreckler, representante do Governo da Argentina em Brasília. Seus demais membros são: ministro Gustavo Eduardo Ainchil, diretor de Segurança Internacional, Assuntos Nucleares e Espaciais do Ministério das Relações Exteriores; Conrado Franco Varotto, físico, diretor executivo e Técnico da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (Conae); Brigadeiro Genaro Sciola, membro da Diretoria da Conae; dois ministros da Embaixada da Argentina em Brasília Fernando Brun e Fabián Oddone (Cônsul Geral e coordenador dos assuntos de Política Externa, Defesa e Segurança), e o secretário Jorge Maximiliano Alaniz Rodríguez.
Da parte do Brasil, acompanharão a comitiva argentina representantes dos ministérios das Relações Exteriores e da Ciência, Tecnologia e Inovação, bem como da Agência Espacial Brasileira.
Esta é a primeira visita ao CLA de uma delegação oficial da Argentina.
Os visitantes vão conhecer as instalações já existentes e as que estão em construção no CLA, além de participar de um sobrevoo panorâmico em helicóptero sobre Alcântara para ter uma visão ampla da região e do projeto como um todo. No prédio principal, encontra-se o Centro Técnico, que ocupa área de cerca de 10 mil m2, em três pavimentos. É o epicentro do conjunto completo de estações. Ali serão feitas, para os argentinos, apresentações sobre a história, a evolução e o potencial do CLA, revelando dados, imagens e perspectivas dos programas e projetos em andamento.
No novo Centro de Comando e Controle de lançamentos, estão os terminais de todos os sistemas de modo integrado e sincronizado. A visão da nova e moderna plataforma de lançamento para o VSL-1 e os lançadores que vierem a seguir é impressionante. A plataforma especial para lançar o Cyclone 4, em 2013, está em construção e também será vista pela delegação argentina. O Cyclone 4 é fruto da cooperação Brasil-Ucrânia e busca entrar no mercado mundial de lançamentos comerciais, com uma opção capaz de garantir segurança e preço competitivo.
A delegação argentina também terá oportunidade de conhecer a antiga cidade de Alcântara, relíquia histórica dos tempos coloniais.
O CLA pode vir a ser parte importante da cooperação espacial Brasil-Argentina, se objetivos mais ambiciosos e arrojados forem adotados mutuamente. Lançadores e satélites do programa espacial argentino certamente terão ganhos e benefícios consideráveis ao serem lançados do CLA, a começar pelas vantagens da própria geografia do local, que permite lançamentos tanto equatoriais quanto polares, com alto nível de segurança.
O Centro Espacial Guianês, em Kourou, na Guiana Francesa, é definido como "A Porta Europeia para o Espaço", conforme se lê no alto de seu majestoso portão de entrada. Pois o Centro Espacial de Alcântara (CLA) poderá passar a ser visto como "A Porta Latino-Americana para o Espaço".
O CLA oferece todas as condições e qualidades para estimular o desenvolvimento dos programas espaciais dos países da região. E a Argentina, em especial, tem tudo para ser o primeiro país do continente a poder vislumbrar ganhos concretos e efetivos com essa espécie de integração. A ideia parece promissora e sedutora. Há não só possibilidades, mas probabilidades verdadeiras. Então é hora de sentar e conversar. A visita ao CLA pode ser o início de um grande salto na colaboração entre Brasil-Argentina. Um salto capaz de atingir o espaço exterior, de onde podemos retirar – juntos – muitas riquezas, dados preciosos e serviços de primeira necessidade.