A oposição síria defendeu nesta segunda-feira uma intervenção militar urgente na Síria para colocar um fim à repressão pelo regime, depois do último massacre em Homs, que deixou pelo menos 47 mortos. Nesta segunda-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, pediu que Bachar al-Assad responda rapidamente ao plano proposto pelas Nações Unidas e a Liga Árabe.
Em um comunicado divulgado durante uma coletiva em Istambul, o Conselho Nacional Sírio pediu uma ação rápida da comunidade internacional, que incluiria uma intervenção militar, a criação de uma zona de exclusão aérea e a implantação de corredores humanitários. "Para por fim à violência, não bastam comunicados e promessas vazias", alfinetou Burhan Ghalioun, representante dos opositores.
O secretário-geral da ONU Ban Ki Moon pediu ao presidente Bachar al Assad que "aja nos próximos dias" e responda rapidamente às propostas do emissário da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, para colocar um fim à violência. Annan deixou Damasco neste domingo depois de uma visita de dois dias ao país, e apresentou uma série de medidas concretas visando uma solução pacífica.
O plano de cinco pontos prevê, entre outras propostas, uma negociação entre a oposição e o regime e a autorização de entrada de ajuda humanitária no país. Uma intervenção militar está descartada. Em visita a Ancara nesta segunda-feira, Annan declarou que a "morte de civis deve parar imediatamente." O representante da ONU deve se encontrar com opositores sírios ainda hoje.
Nesta segunda-feira, as forças sírias retomaram os bombardeios nos bairros rebeldes de Idleb, no noroeste do país, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. Pelo menos 18 pessoas morreram nos ataques. Falta água, eletricidade, e as linhas telefônicas foram cortadas na região. Só em Deera, uma bomba explodiu na frente de uma escola, matando três pessoas e deixando 20 feridas.
Em Genebra, o presidente da comissão de observação internacional sobre a Síria, o brasileiro Paulo Pinheiro, denunciou o acesso limitado das organizações humanitárias, e disse, durante uma reunião do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, "que muitos civis que fugiram da repressão declararam ter visto execuções sumárias e prisões em massa."
O Conselho de Segurança da ONU se reuniu nesta segunda-feira, e a comunidade internacional pediu mais uma vez que a China e a Rússia, membros permanentes, se posicionem a favor de uma resolução. Os dois países bloquearam todas as tentativas de um texto condenando a violência no país.
Kofi Annan espera que Assad responda hoje às propostas para crise
O presidente sírio Bachar al-Assad deve dar uma reposta hoje às propostas do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, que fez sugestões concretas para uma saída da crise. Diversas manifestações devem ocorrer no país, em protesto aos massacres de civis realizados pelas forças do poder.
O acontecimento diplomático mais importante de hoje é a esperada resposta do regime sírio às propostas de saída da crise levadas pelo mediador Kofi Annan, em nome das Nações Unidas e da Liga Árabe. Entre os tópicos apresentados, estão um cessar fogo imediato e o acesso das organizações humanitárias para uma ajuda de emergência.
A violência de Assad contra seu povo tem indignado a comunidade internacional e os protestos acontecem em cadeia. Desta vez, mais de cinquenta personalidades internacionais, entre elas, o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, além de laureados do Prêmio Nobel da Paz e intelectuais, assinaram um manifesto publicado nos jornais Financial Times, da Inglaterra, e Le Figaro, da França, com apelo para o Conselho de Segurança da ONU retirar do presidente Bashar al-Assad o que chamam de "direito de matar".
Violências
O horror cotidiano continua em diversas regiões na Síria e os combates entre militares e desertores se multiplicam.
Cerca de dez soldados sírios foram mortos em uma emboscada por um grupo de desertores na província de Idlib, na região noroeste do país, de acordo com o Observatório Sírio de defesa dos Direitos Humanos.
A segunda-feira foi marcada pela descoberta macabra de 50 corpos de mulheres e crianças, esfaqueadas, degoladas e queimadas.