Organizações terroristas existem no Oriente Próximo e Médio, na América Latina, na Ásia e na África do Norte. Como se sabe, não há tais agrupamentos no Ártico, destaca o redator-chefe da revista Segurança Nacional, Igor Korotchenko.
"Portanto, estas manobras devem ser consideradas exclusivamente como reforço da atividade militar da Aliança Atlântica Norte no Ártico, o que é condicionado, por seu lado, pela futura partilha das riquezas naturais da região. Neste caso, com evidência, a OTAN, demostrando músculos, dá a entender que reforçará os seus esforços geopolíticos e diplomáticos com a ajuda da potência militar".
No Ártico não há terroristas, mas há recursos ricos de petróleo e gás, de ouro e diamantes. O aquecimento global e a descongelação prognosticadas por cientistas tornarão mais acessíveis as riquezas do oceano Glacial Ártico. Esta perspetiva já hoje provoca litígios entre os países que pretendem plataformas continentais árticas. As disputas territoriais decorrem também entre países da OTAN, por exemplo, entre o Canadá e os Estados Unidos ou entre a Dinamarca e o Canadá. Mesmo os países que, aparentemente, não têm nada a ver com a região polar, entre eles a China e a Coreia, estão a construir quebra-gelos. Para além disso, ao longo da costa russa estende-se a mais curta rota marítima entre portos da Europa Ocidental e da Região Asiática do Pacífico. Esta é a Via Marítima do Norte, principal recurso ártico, dominado desde há muito pela Rússia. Seria possível efetuar os jogos militares da OTAN no território do Canadá, considera o colaborador científico do Centro de Segurança Internacional do Instituto de Economia Internacional e de Relações Exteriores da Academia de Ciências da Rússia, Vladimir Evseev.
"Estas manobras, contudo, decorrem no território da Noruega e da Suécia, ou seja relativamente perto das fronteiras da Federação Russa. Deste ponto de vista, a realização dos exercícios pode ser qualificada como provocação. Neste plano, a Rússia tem certas preocupações, porque os navios munidos do sistema Aegis, desenvolvido na Espanha, podem ser instalados na zona ártica".
O Aegis, nas palavras de Vladimir Evseev, é um sistema naval de combate que dispõe de um radar que possa detetar alvos aéreos a uma distância de até 400 quilômetros, de mísseis SM-3 em rampas de lançamento vertical e de um sistema eficaz de direção de fogo com elementos de “intelecto artificial”. A Rússia acompanha atentamente a atividade militar na região polar, aponta Igor Korotchenko.
"Atualmente, estão a ser formadas duas novas brigadas árticas que estarão dispostas a operar mobilmente em qualquer zona do Ártico, lá onde exigirão os interesses do país".
Os navios de combate, cuja construção começou a 1 de fevereiro de 2012, devem tornar-se primeiros elementos da renovação da Esquadra do Norte. Para o Ártico, serão enviados também dois navios de desembarque universais tipo Mistral, construídos por licença francesa. Nos próximos tempos, serão modernizadas as Forças Submarinas à conta da reparação capital das unidades existentes e da construção de novos submarinos. Ao mesmo tempo, a Rússia tenciona como antes resolver pacificamente os litígios territoriais, considerando que o diálogo deve assentar na diplomacia e não na potência militar.