"A presidente pediu uma presença mais forte, mais intensa da Petrobras aqui. E presença mais forte tem que ser com investimentos", afirmou Lobão.
Ele disse que essa presença maior poderia ocorrer, por exemplo, por meio de rede de postos de gasolina ou da exploração de gás não convencional na Província de Neuquén, na Patagônia.
As declarações foram feitas na embaixada do Brasil em Buenos Aires, poucos dias após a presidente ter criticado a "falta de investimentos" das petrolíferas estrangeiras instaladas no país.
Recentemente, a Petrobras vendeu sua rede de postos, como já era previsto em seus planos de investimentos, como afirmaram assessores da companhia em Buenos Aires. Lobão sugeriu que estas decisões podem ser revistas pela empresa brasileira.
"Mas (a Petrobras) pode voltar a atuar (na área de postos de gasolina). Nós não fizemos isso com a Bolívia, por exemplo? (A Petrobras) reduziu (sua presença) e depois voltou a investir na Bolívia", disse.
O pedido de Cristina a Lobão foi feito no momento em que surgem informações de que o governo argentino estaria travando uma disputa com a petrolífera espanhola-argentina Repsol-YPF, a maior do país.
A petrolífera recebeu multa milionária em fevereiro devido a dívidas com o fisco, e teria descoberto gás não convencional na bacia de Neuquén, mas sem realizar sua exploração, segundo autoridades do governo.
A empresa nega as acusações. Segundo a imprensa argentina, o rei Juan Carlos teria ligado para a presidente, na semana passada, pedindo que os investimentos da petrolífera não fossem afetados, em meio a rumores de nacionalização da Repsol-YPF, como publicaram os jornais Clarín e La Nación, de Buenos Aires.
Lobão negou que o pedido de Cristina possa estar vinculado a esta relação com a Espanha e a Repsol-YPF.
Questionado se a Petrobras poderia chegar a ocupar o espaço deixado pela petrolífera espanhola-argentina, o ministro respondeu: "Não sei, essa é uma hipótese que depois será vista pela Petrobras. Acho que o fundamental é o desejo (da presidente) da presença mais forte aqui. O resto é detalhe".
Reunião
Segundo Lobão, a maior presença da Petrobras no mercado argentino será discutida em uma reunião, a ser realizada dentro de 15 dias, em Brasília, entre ele, o ministro do Planejamento da Argentina, Julio de Vido, e a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.
O ministro se negou a comentar se a Petrobras poderia chegar a comprar participação acionária na Repsol-YPF. Segundo ele, a reunião servirá para que a Petrobras analise "os pontos de maior interesse" sobre sua atuação na Argentina.
Ele disse ainda que as acusações feitas pelo governo contra as petrolíferas – de que estariam realizando cartel de preços – é um assunto que deve ser tratado diretamente pela Petrobras.
"É claro que preocupa (o governo brasileiro), mas a Petrobras cuida diretamente disso. Não é assunto para ser tratado, penso eu, por dois presidentes ou por ministro de Estado. As companhias estão tratando disso."
Na ocasião das acusações feitas por Cristina, assessores da Petrobras lembraram que a empresa tem participação "mínima" no setor de combustível – alvo das criticas da presidente.
Lobão viajou a Buenos Aires para participar da abertura dos envelopes para a concessão das obras das hidrelétricas de Garabi e Panambi, que vão gerar energia para o Brasil e para a Argentina.
Segundo ele, o resultado da licitação será anunciado nas próximas horas pelo governo argentino. A previsão é que as obras comecem em 20 meses e que as hidrelétricas já gerem energia em 2018.
De acordo com Lobão, as presidentes Cristina Kirchner e Dilma Rousseff consideram que essas usinas serão "poderosos instrumentos de integração sul-americana".