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Movimentos Irregulares põem fim à trégua e vão às ruas

ROLDÃO ARRUDA


A capacidade do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) para negociar acordos com organizações sindicais e movimentos sociais vai passar pelo seu primeiro grande teste neste semestre. De greves e passeatas a invasões de terras na zona rural e ocupações de edifícios urbanos, por todo o País estão sendo articuladas ações que podem transformar o período pré-eleitoral num inferno para o Planalto.

No dia 15, servidores públicos federais de todo o País devem realizar um dia nacional de luta por melhores salários. Será o rufar de tambores para a greve nacional com a qual pretendem paralisar todas as repartições públicas – do Judiciário, Legislativo e Executivo – no mês de abril.

O Movimento dos Sem Terra (MST) também pretende adentrar abril com surpresas para o governo. As habituais manifestações que seus militantes promovem no período, no chamado abril vermelho, com a invasão de terras, edifícios públicos e postos de pedágio, agora devem contar com reforço de outras organizações do setor agrário. Desde a semana passada, o MST, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e a Federação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) estão articulando a unificação de suas principais manifestações, que normalmente se distribuem entre os meses de abril e maio.

Esse tipo de articulação não ocorria desde a posse do primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, no início de 2003. "Já vimos que somos todos contra o modelo de política agrária que está em curso e favoráveis a outro modelo, que reconheça a importância da agricultura familiar e facilite o acesso à terra", disse ao Estado a coordenadora geral da Fetraf, Elisângela Araujo. "Agora vamos tentar unificar as ações para dar maior visibilidade às nossas propostas."

Ainda em abril estão sendo programadas ações de movimentos por moradia. Com marchas de protesto e, sobretudo, ocupações de edifícios e terrenos urbanos, elas devem ser concentradas no Estado de São Paulo.

Repúdio.

No dia 17 de maio, em Brasília, o governo de Dilma será um dos principais alvos da 3.ª Marcha Nacional Contra a Homofobia. De acordo com um manifesto preparatório que está sendo distribuído por todo o País, assinado por 257 organizações de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, o protesto deverá expressar o "repúdio à homofobia institucional que vem dominando o governo federal".

Ainda segundo o texto, o governo "se acovarda perante os ataques do fundamentalismo religioso". A ABGLT, que reúne entidades de todo o País, reclama que Dilma já recebeu duas vezes representantes de setores fundamentalistas evangélicos, mas se recusa a receber o movimento.

O leque político por trás dessas articulações é amplo e, frequentemente, envolve setores do próprio PT – o partido do governo. A greve do funcionalismo federal está sendo articulada por entidades sindicais vinculadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT), que é próxima ao PT. Os sem-terra, os sem-teto e os gays têm o apoio de setores petistas e também da oposição, especialmente o PSOL e o PSTU.

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