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Segurança da Rio+20 não terá tanques na rua

O cenário da Eco 92, no Rio de Janeiro, com tanques e veículos blindados nas principais vias da cidade e soldados nas favelas, não vai se repetir na Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Mesmo com a presença de 150 chefes de Estado e de governo além de 50 mil diplomatas, jornalistas, empresários e políticos, e das milhares de pessoas que irão aos eventos paralelos, entre 20 e 22 de junho deste ano, a situação no Rio mudou.

Hoje, 17 favelas estão ocupadas por Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), além do complexo do Alemão e a Rocinha, que contam com militares e com o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar.

Há 20 anos, o Rio vivia o auge do domínio do tráfico, com várias guerras entre morros e facções criminosas. Desde o primeiro governo Leonel Brizola, de 1983 a 1986, a política do então governador foi evitar o enfrentamento nas comunidades carentes, o que acabou abrindo espaço para ampliar a ocupação do crime organizado nas favelas.

O Ministério da Defesa informou que vai coordenar, junto com o governo do Estado, um plano em que cerca de 10.000 homens do Exército, 2.000 da Marinha e 800 da Força Aérea, além de agentes da Polícia Federal e das polícias do Estado, estarão atuando em locais estratégicos da cidade para evitar qualquer o colapso dos sistemas de transporte e abastecimento, além de garantirem a proteção dos chefes de Estado.

Como parte integrante desse contingente, 300 militares treinados em contraterrorismo atuarão especificamente em hipótese de atentado ou alguma ação de resgate. São forças especiais, militares especializados no combate ao terror. Segundo o Ministério da Defesa, já foram feitos vários treinamentos, para o caso de ataque químico ou radioativo, por exemplo. Por esse motivo, haverá também instalações para descontaminação em várias áreas da cidade, inclusive no Riocentro.

O Exército também protegerá as áreas de infraestrutura consideradas críticas, como a Refinaria Duque de Caxias, os aeroportos e o sistema de tratamento de água do Guandu. Entram nessa lista as instalações de distribuição de energia elétrica para a cidade. Nesse caso, as ações serão coordenadas pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

Além do terrorismo, o Ministério da Defesa também se preocupa com os hackers, segundo informou uma fonte ao Valor. Por isso, há militares especializados em defesa cibernética. Toda a documentação da conferência será digital e precisará ser protegida.
Para defender a costa, a Marinha manterá embarcações e helicópteros na orla do Rio. Todos os navios atracados no porto serão inspecionados por dentro e por fora. É possível que alguns navios de turismo sejam usados como infraestrutura hoteleira da cidade, segundo o Ministério das Relações Exteriores, que diz que há hospedagem garantida para as comitivas oficiais.

Organizações não governamentais, como o Greenpeace, também já reservaram cerca de 2.000 quartos de hotéis, mas são aguardados 10.000 manifestantes na cidade e por isso, será necessário os usar também os navios de cruzeiro.

A Aeronáutica controlará todos os heliportos e aeroportos da região metropolitana do Rio. Nenhuma helicóptero decolará antes de ser inspecionado. Além disso, o espaço aéreo será monitorado e protegido por caças da Base Aérea de Santa Cruz.

O Ministério da Defesa informou que ficarão a cargo Exército as ações de transportes dos chefes de Estado. Além de levá-los até o Riocentro, onde serão realizadas as principais reuniões do evento, o Exército também será responsável por transportar um presidente ou um primeiro-ministro, caso ele queira conhecer outros pontos da cidade. O oficial responsável deverá determinar qual o melhor meio, helicóptero ou carro, e o roteiro.

Serão usados 16 helicópteros e construídos mais dois helipontos no Riocentro. Serão três os locais de pousos e decolagens na área da conferência. A segurança dos chefes de Estados será feita pela Polícia Federal, que já tem essa atribuição.

Em todos os locais de concentração, como o Aterro do Flamengo, haverá um centro ambulatorial também montados pelos militares. As Forças Armadas também coordenarão a segurança em locais abertos a manifestações públicas, como o Autódromo, o Parque do Flamengo e a área do Rock in Rio. Mas serão a Polícia Militar e a Guarda Municipal que atuarão diretamente com população e manifestantes.

Segundo o Ministério da Defesa, apesar de existir hoje no Ministério da Justiça a Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos (Sege), que provavelmente vai coordenar a segurança na Copa do Mundo, a coordenação da segurança da Rio+20 ficará a cargo da Defesa em função da presença dos chefes de Estado.

A operação será coordenada pelo vice-almirante Ney Zanella dos Santos, subchefe de Preparo e Emprego do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do ministério. A coordenação geral será instalada no Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste, na avenida Presidente Vargas

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