Com a sinalização positiva de militares para a nomeação do ex-ministro do Tribunal de Contas da União José Múcio Monteiro como ministro da Defesa, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva tem sido aconselhado a também não arriscar na definição dos comandantes das Forças Armadas e adotar o critério de antiguidade.
Se fizer isso, Lula terá à frente do Exército, da Marinha e da Aeronáutica comandantes de perfil discreto, avessos às redes sociais e sem alinhamento — ao menos declarado — a Jair Bolsonaro. Dois deles também tiveram papel de destaque em grandes operações durante governos do PT, o que tem sido citado nos bastidores para que sejam escolhidos.
Pelo critério de antiguidade, o general quatro estrelas Júlio César de Arruda,de 63 anos,é quem deverá assumir o Exército. A seu favor conta o fato de ter sido ajudante de ordens do general Enzo Peri, comandante da Força de 2007 a 2015, o mais longevo das gestões do PT. No governo de Dilma Rousseff, participou da preparação do esquema de segurança das Olimpíadas de 2016, como chefe do Comando de Operações Especiais.
Na época, chegou a ser homenageado pela Assembleia Legislativa de Goiás, quando parlamentares do PT elogiaram seu papel ao cuidar da segurança da própria presidente.
Militares que atuam com ele citam sua capacidade operacional como principal virtude. Diferentemente dos últimos comandantes do Exército, Arruda vem da arma de engenharia do Exército,considerada mais técnica e menos rígida do que as demais vertentes, como infantaria,artilharia e cavalaria.
Por causa disso, havia uma expectativa entre integrantes da Marinha que ele pudesse antecipar sua ida para a reserva. Neste caso, o segundo mais antigo da força, Olsen, assumiria. Segundo pessoas próximas, tanto Olsen quanto Aguiar Freire são reservados e têm perfis opostos ao do comandante atual, almirante Almir Garnier Santos, considerado midiático e o mais bolsonarista dos três chefes das Forças de Bolsonaro.