O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota, afirmou que todos os países têm desafios em matéria de direitos humanos e de democracia, em referência aos questionamentos sobre Cuba, país que Dilma Rousseff irá visitar nesta semana.
"Em matéria de direitos humanos e de democracia se aplica um pouco o que disse a presidente Dilma perante a ONU: 'Todos temos progressos a fazer'", declarou Patriota em entrevista publicada neste domingo no jornal chileno El Mercurio. "Eu não vou dizer o que o Chile deve fazer, mas acompanhamos com muito interesse as manifestações estudantis. No Brasil, temos consciência dos desafios que temos", acrescentou o ministro brasileiro.
Ao ser perguntado sobre se a governante brasileira fará menção a esses assuntos durante a visita que fará à ilha na terça-feira, Patriota limitou-se a responder que com Cuba há cada vez mais uma relação próxima nos planos político e econômico.
"O importante é que Cuba possa participar de mecanismos regionais e haja um reconhecimento da especificidade cubana na região", opinou Patriota. Segundo ele, essa especificidade "é consequência da Guerra Fria, da situação do embargo americano, que cria condições que são distintas as de outros países".
Na opinião dele, o fato de Cuba assumir a coordenação da nova Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) a partir de 2013 "demonstra que evoluiu muito na reintegração para ao diálogo com a região".
Patriota destaca o fato de Cuba ter adotado a cláusula democrática da Celac, um organismo que reúne os países da América com exceção dos Estados Unidos e Canadá. Estes dois países estão na Organização dos Estados Americanos (OEA), à qual Cuba não aderiu mesmo após ser levantada em 2009 a suspensão em vigor desde 1962.
A viagem de Dilma a Cuba ocorrerá depois de seu governo conceder um visto de turista à dissidente cubana Yoani Sánchez para visitar o país e participar da estreia de um documentário.
Por sua vez, o governo chileno manifestou recentemente sua preocupação pelo respeito aos direitos humanos na ilha após a morte de um preso, Wilman Villar, que segundo a oposição era dissidente que morreu após permanecer mais de 50 dias em greve de fome.
O regime cubano, que define Villar como um preso comum e nega que ele estivesse fazendo greve de fome, disse que a postura do Chile é mentirosa e se trata de uma ingerência. Cuba recomendou ao Governo do Chile que se preocupe mais com a suposta repressão aos estudantes e aos mapuches no seu país.
Chile, Cuba e Venezuela são os três países que atualmente estão à frente da Celac, criada em dezembro em Caracas.