Enquanto Kiev contabiliza as mortes e os estragos provocados pelos ataques da Rússia com drones kamikazes, os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) aprovaram, nesta segunda-feira (18), a criação de uma missão de treino e assistência ao Exército ucraniano em solo europeu, além de um novo pacote de € 500 milhões para a compra de armamentos. O programa deve estar operacional em novembro e vai até o final de 2024. A sede das operações será em Bruxelas.
É a primeira vez que a União Europeia propõe uma missão de treinamento em larga escala e em solo europeu a um Exército de um país que não faz parte do bloco. A iniciativa inédita pretende treinar 15 mil soldados ucranianos, civis recrutados e os que têm uma formação militar básica, a utilizarem sistemas de artilharia modernos, lançadores de mísseis e sistemas de defesa aérea que estão sendo fornecidos pelos aliados ao governo de Kiev.
A Ucrânia tem feito avanços para a reconquista de territórios anexados pela Rússia e os aliados querem garantir que as tropas ucranianas tenham capacidade de continuar lutando contra o invasor.
Na reunião dos chanceleres europeus em Luxemburgo, o representante para a política externa do bloco, Josep Borrell, justificou a decisão do bloco.
“A Rússia está cada vez mais isolada, como foi possível ver durante a votação da semana passada na Assembleia Geral da ONU. Moralmente, politicamente e mesmo militarmente, a Rússia está perdendo a guerra, por isso é preciso continuar a apoiar a Ucrânia”, explicou Borrell.
Após o sinal verde para a missão, Borrell disse que a UE intensificou o apoio à Ucrânia para que o país se defenda “da agressão ilegal da Rússia e que possa continuar sua luta corajosa”, acrescentou.
Treinamentos em solo europeu
Desde o início da invasão da Rússia na Ucrânia, em fevereiro passado, vários países da UE receberam soldados ucranianos para sessões de capacitação em seu territórios.
No último final de semana, a França, que já havia formado artilheiros, anunciou que vai receber 2 mil soldados ucranianos para prepará-los em três níveis: treino de combatentes, logística e treinamento em equipamentos a serem fornecidos pelos franceses.
A Alemanha, que também terá um papel importante no futuro programa, recebeu em maio passado membros das Forças Armadas ucranianas que foram treinados para manejar obuses, uma artilharia que dispara projéteis explosivos em trajetórias curvas.
A Polônia deve servir como ponto central do programa por ser a porta de entrada e saída dos soldados ucranianos. Mas a sede das operações será em Bruxelas. A Hungria, próxima do presidente russo, Vladimir Putin, foi o único país do bloco que não apoiou a iniciativa.
A assistência militar da UE ainda deve coordenar as demandas entre a Ucrânia e os países europeus, bem como outros parceiros e aliados, que já fornecem treinamento às tropas ucranianas, como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido.
Mais um pacote de ajuda militar à Ucrânia
Os ministros do bloco ainda aprovaram uma sexta parcela de ajuda à Ucrânia, no âmbito do chamado Mecanismo Europeu de Apoio à Paz. O montante de € 500 milhões irá financiar a entrega de equipamentos militares para Kiev.
A liberação desses recursos é uma resposta ao apelo feito recentemente pelo governo ucraniano sobre um aumento significativo da ajuda militar, em particular, tanques, aviões de combate, veículos armados, artilharia de longo alcance, material antiaéreo e equipamento de defesa antimísseis. Com esta nova parcela, a contribuição dos europeus à Ucrânia já chega a € 3,1 bilhões.