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Rússia e Ucrânia veem chance de acordo em meio a retomada das negociações de paz

A Rússia e a Ucrânia enfatizaram nesta quarta-feira novas possibilidades de acordo, à medida que as negociações de paz devem ser retomadas após três semanas de uma invasão russa que até agora não conseguiu derrubar o governo ucraniano.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse que as negociações estão se tornando "mais realistas", enquanto o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, declarou que há "alguma esperança de compromisso", com status neutro para a Ucrânia –uma importante demanda russa– agora sobre a mesa.

O Kremlin disse que os lados estão discutindo um status para a Ucrânia semelhante ao da Áustria ou da Suécia, membros da União Europeia que estão fora da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Três semanas após a invasão, as tropas russas estão retidas nos portões de Kiev, tendo sofrido perdas pesadas, e não conseguiram tomar nenhuma das maiores cidades da Ucrânia em uma guerra que autoridades ocidentais dizem que Moscou pensou que venceria em poucos dias.

Autoridades ucranianas expressaram esperança nesta semana de que a guerra possa terminar mais cedo do que o esperado –mesmo dentro de semanas–, e Moscou estava mais aberta a conversas em meio à falta de novas tropas para continuar lutando.

As negociações devem ser retomadas nesta quarta-feira por link de vídeo pelo que seria o terceiro dia consecutivo, a primeira vez que duraram mais de um dia, o que ambos os lados sugeriram que significa que eles entraram em uma fase mais séria.

"As reuniões continuam e as posições durante as negociações já parecem mais realistas. Mas ainda é necessário tempo para que as decisões sejam do interesse da Ucrânia", disse Zelenskiy em um discurso em vídeo durante a noite.

Na terça-feira, Zelenskiy havia sugerido uma possível rota para um acordo, indicando que a Ucrânia estaria disposta a aceitar garantias de segurança internacional que ficaram aquém de sua longa esperança de admissão total à OTAN.

Manter a Ucrânia fora da OTAN foi por muito tempo uma das principais demandas da Rússia, nos meses anteriores ao lançamento do que chama de "operação especial" para desarmar e "desnazificar" a Ucrânia.

"As negociações não são fáceis por razões óbvias", disse Lavrov à emissora RBC News. "Mas, no entanto, há alguma esperança de chegar a um compromisso."

"O status neutro agora está sendo seriamente discutido junto, é claro, com garantias de segurança", disse Lavrov. "Agora isso está sendo discutido nas negociações –existem formulações absolutamente específicas que, na minha opinião, estão próximas de um acordo."

EUA não estão interessados em resolver conflito na Ucrânia, diz Lavrov

A Rússia não vê nenhum sinal de que os Estados Unidos estejam interessados em resolver o conflito em andamento na Ucrânia, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, nesta quarta-feira.

Os Estados Unidos têm um papel decisivo na definição da posição das autoridades ucranianas, mas "hoje, não vemos nenhum interesse dos Estados Unidos em resolver rapidamente este conflito", disse Lavrov ao canal de televisão RBC.

Kremlin diz que Ucrânia neutra como a Áustria é acordo possível

O Kremlin disse nesta quarta-feira que uma Ucrânia neutra com seu próprio Exército, em linha com o que acontece com a Áustria e com a Suécia, estava sendo considerada como um possível compromisso nas negociações com Kiev.

"Esta é uma variável que está sendo discutida atualmente e que poderia realmente ser vista como um compromisso", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, segundo a agência de notícias RIA no 21º dia do que a Rússia chama de sua operação militar especial na Ucrânia.

Peskov estava comentando as observações de Vladimir Medinsky, negociador-chefe da Rússia, que disse anteriormente à TV estatal: "A Ucrânia está oferecendo uma versão austríaca ou sueca de um Estado neutro desmilitarizado, mas ao mesmo tempo um Estado com seu próprio Exército e Marinha".

A Ucrânia não confirmou que está disposta a discutir a neutralidade. Ela diz estar pronta para negociar o fim da guerra, mas não para se render ou aceitar ultimatos russos.

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