A aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) reforçará ainda mais a presença de tropas em seu flanco oriental, disse o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, nesta quinta-feira, depois de a Rússia atacar a Ucrânia.
"Nos próximos dias e semanas chegarão ainda mais (soldados), então vamos aumentar ainda mais e estamos aumentando nossa presença na porção leste da aliança", disse ele a jornalistas em Bruxelas.
A OTAN também ativou seus planos de defesa para facilitar uma movimentação mais rápida das tropas, disse ele.
Stoltenberg também disse aos jornalistas que a aliança colocou mais de 100 aviões de guerra em alerta máximo e que os líderes da aliança farão uma reunião de cúpula na sexta-feira.
"Temos de responder com determinação renovada e uma unidade ainda mais forte", disse ele após presidir uma reunião de emergência dos embaixadores da OTAN. "O que fazemos é defensivo."
China rejeita chamar ataque russo à Ucrânia de "invasão"
A China rejeitou chamar os movimentos da Rússia sobre a Ucrânia de "invasão" e fez um apelo para que todos os lados exerçam contenção, ao mesmo tempo que aconselhou os cidadãos chineses na Ucrânia a permanecerem em casa ou ao menos tomarem a precaução de exibir uma bandeira chinesa se precisassem dirigir para qualquer lugar.
As forças russas na quinta-feira dispararam mísseis em várias cidades da Ucrânia e desembarcaram tropas em sua costa, disseram autoridades e mídia, depois que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, autorizou o que ele chamou de uma operação militar especial no leste ucraniano.
"A China está monitorando de perto a situação mais recente. Pedimos todos os lados a exercer contenção para evitar que a situação fique fora de controle", disse Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.
Em uma reunião de imprensa diária lotada em Pequim, Hua repreendeu os jornalistas pela caracterização que fizeram das ações da Rússia.
"Esta talvez seja uma diferença entre a China e vocês, ocidentais. Não vamos nos precipitar em tirar conclusões", disse ela.
"Com relação à definição de uma invasão, acho que devemos voltar à forma de ver a situação atual na Ucrânia. A questão ucraniana tem outros antecedentes históricos muito complicados que continuam até hoje. Pode não ser o que todos querem ver."
O ataque da Rússia à Ucrânia vem semanas depois que o presidente russo Vladimir Putin se reuniu com seu homólogo chinês, Xi Jinping, pouco antes dos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim. Os dois lados anunciaram uma parceria estratégica destinada a combater a influência dos Estados Unidos e disseram que não teriam "áreas 'proibidas' de cooperação".
Os Jogos terminaram no domingo.
Xi e Putin desenvolveram uma estreita parceria ao longo dos anos, mas as ações da Rússia na Ucrânia colocaram a China, que tem um princípio de política externa de não-interferência, em uma posição incômoda, dizem os especialistas.
Perguntado se Putin tinha dito à China que estava planejando invadir a Ucrânia, Hua disse que a Rússia, como potência independente, não precisava buscar o consentimento da China.
"Ela decide e implementa independentemente sua própria diplomacia e estratégia de acordo com seu próprio julgamento estratégico e interesses", disse a porta-voz.
"E também gostaria de acrescentar que toda vez que os chefes de Estado se reúnem, é claro que eles trocam opiniões sobre questões de interesse comum."
Espera-se que a China apoie a Rússia diplomática e talvez economicamente, mas não militarmente. Hua, em resposta a uma pergunta feita na quinta-feira, disse que a China não havia fornecido nenhum apoio militar à Rússia.
MEDIAÇÃO
O Presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu "sanções severas" em resposta ao ataque da Rússia, e disse que se reuniria com outros líderes do Grupo dos Sete para discutir o assunto
"Alguns países têm seguido os Estados Unidos em atiçar o fogo", disse Hua. "Nós nos opomos a qualquer ação que fomente a guerra."
Ela também convidou a Europa a refletir sobre como ela pode proteger melhor sua paz.
"No estágio atual, deveríamos considerar se fizemos o suficiente na mediação", disse Hua, referindo-se à Europa.
A embaixada da China em Kiev advertiu que a situação na Ucrânia se deteriorou bruscamente e que os riscos de segurança aumentaram, com a ordem social potencialmente descendo ao caos.
"A bandeira chinesa pode ser afixada num lugar óbvio na carroceria do veículo", disse a embaixada em conselho a qualquer cidadão que decida sair de casa.