“Se você não tem Planejamento de Longo Prazo constará do Planejamento de Longo Prazo de Alguém”
1 – O mundo está alarmado com a possibilidade de a crise tripartite Estado Unidos – Rússia – OTAN escale para um conflito armado na Europa e com consequências imprevisíveis, nos próximos dias ou semanas. Há meses, Putin ordenou desdobrar milhares de tropas nas fronteiras do país vizinho.
A Ucrânia pode não estar pronta para enfrentar uma guerra com a Rússia tanto com armas estratégias convencionais como a nuclear, ainda sim possui o terceiro maior exército da Europa, conhece as táticas e técnicas dos militares russos e tem cartas na manga, que podem surpreender a Rússia militarmente e impor pesadas perdas. O banho de sangue que consequentemente vai reacender conflitos internos e fronteiriços na Transnístria, Abecásia, Ossétia do Sul, outrora congelados na periferia do território russo, poderá incendiar o leste da Europa e a região do Cáucaso. Relembrar a recente cconvulsão interna no Cazaquistão.
A magnitude de um conflito entre Rússia e Ucrânia pode ter consequências inimagináveis e que não são sentidas no continente europeu desde 1945. Um cálculo errado pode destruir o mundo russo, acabar com a era Putin e iniciar uma fragmentação da Federação Russa. Um erro de avaliação da Rússia ou da OTAN poderá criar uma guerra com a Aliança Atlântica, já que Polônia, Estônia, Letônia e Lituânia sentem-se particularmente ameaçadas.
2 – A guerra na Ucrânia será uma guerra europeia com consequências e ações globais. A economia brasileira será uma das primeiras a sentir, pois a exportação de carne para Ucrânia e Rússia, e a importação de insumos para fertilizantes vai afetar o agronegócio. Até a indústria aeroespacial vai sofrer com a falta da matéria-prima, principalmente após a implementação de mais duras e novas sanções comerciais.
3 – O Secretário de Estado dos EUA Antony Blinken já cobrou do Brasil uma posição clara. Estar ao lado da OTAN na defesa do direito internacional, apoiando a soberania territorial ucraniana, ou se aliar à Rússia de Putin, como faz Venezuela, Nicarágua e Cuba. (Ver matéria DefesaNet) A escolha pode custar caro ao Brasil. A Suécia, que possui interesse particular na questão russo-ucraniana não quer ver o Brasil se aproximar da Rússia e isso pode afetar o projeto de fornecimento dos caças Gripen. O avião é sueco e o motor é norte-americano.
A Alemanha poderia embargar a construção das Fragatas Tamandaré. Os alemães já ficaram bastante preocupados em ver o Almirante de Esquadra da ativa Flávio Rocha se encontrando com autoridades militares e do governo russo. (Ver matéria DefesaNet)
Os projetos militares poderiam sofrer embargo imediatamente, inclusive a indústria de defesa brasileira teria dificuldade em fazer negócios e exportações. O Brasil deixaria de ser um parceiro confiável do Ocidente. Por outro lado, a Rússia estaria pronta para desdobrar tropas regulares e irregulares e estacioná-las em território venezuelano. A ameaça russa foi clara. (Ver a matéria do jornal espanhol ABC)
4 – Motivo de preocupação é a possibilidade de ativação de avançados sistemas de defesa antiaérea, guerra cibernética e eletrônica para a Venezuela, o que colocaria o Brasil em situação difícil do ponto de vista militar, já que até o momento não possui modernos meios militares estacionados na região.
A necessidade de sistemas de guerra eletrônica, inteligência de comunicações e sinais e veículos blindados de combate são as maiores prioridades da parte do Exército. Se nos próximos dias o presidente Bolsonaro declarar apoio à Guiana na questão do Esequibo, a ira de Nicolás Maduro vai se voltar contra o Brasil. Infelizmente, não temos meios nem sistemas capazes de operar naquela região e dissuadir qualquer ameaça.
No asombra ver a la vil vocería de la antipatria hablar de soberanía nacional después de rogar intervención militar y sanciones contra Venezuela, cuando Rusia asoma la posibilidad de profundizar las relaciones de cooperación militar de nuestras naciones, las cuales YA EXISTEN. pic.twitter.com/jadqUSuxUg
— Vladimir Padrino L. (@vladimirpadrino) January 13, 2022
O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, em post incisivo no Twitter.
Há anos o Brasil convive com o desbalanceamento do poder militar na região e com a concentração de armamentos e a ameaça dos mísseis antiaéreos venezuelanos S-300. Os militares brasileiros não têm construído as capacidades necessárias para neutralizar ou destruir a ameaça dos sistemas de defesa antiaérea que poderia interditar o espaço aéreo e ameaçar o sucesso de qualquer operação militar brasileira no estado de Roraima, ou além.
Infelizmente, o Exército tem gastado bilhões de dólares numa Linha Maginot tecnológica e ineficaz na fronteira oeste contra oo narcotráfico enquanto a prioridade militar sempre esteve na fronteira com a Venezuela. Uma oportunidade para rever o escopo e abrangência do SISFRON.
5 – O Brasil possui a terceira maior colônia ucraniana no mundo, com laços afetivos muito profundos com a pátria-mãe. A maioria dessa população está no estado do Paraná. O peso político e econômico dessa população é um fator que pode vir a interferir nas eleições presidenciais brasileiras e também cobrar uma posição do governo atual. Como o Planalto responderia a isso?
6 – Uma política exterior inteligente e destinada a alcançar objetivos estratégicos e defender os interesses do Brasil saberia o que fazer. Negociaria uma posição de neutralidade em troca do compromisso da Rússia em retirar o apoio militar à Venezuela e às ações de desestabilização nas fronteiras do Brasil. Qualquer outro cenário ou caminho a ser seguido vai prejudicar a indústria, economia, a segurança nacional e os interesses estratégicos do Brasil, colocando em risco a imagem do país como um parceiro confiável no concerto das Nações.
La OTAN pretende adueñarse del mundo extendiéndose más al este de Europa. Al mismo tiempo la organización trasatlántica se proyecta a Latinoamérica con Colombia como peón y la presencia cada vez más resuelta de medios militares y navales en nuestra área de influencia ¿Y entonces? pic.twitter.com/JfrcgScSEs
— Vladimir Padrino L. (@vladimirpadrino) January 17, 2022
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Matéria do jornal ABC com denúncia do General Manuel Cristopher Figuera