A Rússia anunciou neste sábado (25) que mais de 10.000 soldados concluíram os exercícios de um mês perto da Ucrânia, em meio a acusações ocidentais de que Moscou estava planejando uma invasão ao seu ex-vizinho soviético.
O ministério da Defesa russo disse em um comunicado que os exercícios para as forças do Distrito Militar do Sul ocorreram em uma série de regiões do sul, incluindo Rostov, Krasnodar e Crimeia, que Moscou tomou da Ucrânia em 2014. Mas os exercícios também ocorreram em lugares mais distantes, incluindo em Stavropol, Astrakhan, nas repúblicas do norte do Cáucaso e até mesmo na Armênia, aliada russa do Cáucaso.
O ministério da Defesa disse que as tropas estão retornando às suas bases permanentes e que as unidades de prontidão serão preparadas para o feriado de Ano Novo.
Possível invasão
Os países ocidentais acusaram a Rússia de reunir mais de 100.000 soldados perto da Ucrânia, antes de uma possível invasão neste inverno europeu.
De acordo com as estimativas de Kiev, o número de soldados russos ao longo das fronteiras da Ucrânia aumentou de cerca de 93.000 soldados em outubro para 104.000 agora. A Rússia diz que está livre para mover suas forças em seu território da maneira que achar conveniente e nega que esteja planejando um ataque em grande escala.
O Kremlin fez amplas exigências de segurança ao Ocidente, dizendo que a Otan não deve admitir novos membros e buscando impedir os Estados Unidos de estabelecer novas bases nas ex-repúblicas soviéticas.
"Postura agressiva"
As tensões chegaram a um ponto de ebulição na quarta-feira (22), quando o presidente Vladimir Putin disse que a Rússia tomaria medidas militares "retaliatórias apropriadas" em resposta ao que ele chamou de "postura agressiva" do Ocidente.
Mas ele baixou o tom no dia seguinte, dizendo que viu uma reação "positiva" dos Estados Unidos às propostas de segurança da Rússia e disse que as negociações aconteceriam em janeiro de 2022.
Em uma entrevista na sexta-feira (24), um oficial de segurança ucraniano disse à AFP que não há risco de uma invasão russa iminente. Kiev tem lutado contra separatistas pró-Rússia desde pouco depois de Moscou anexar a Crimeia em 2014 em um conflito que já custou mais de 13.000 vidas.
Diplomatas e militares russos conversarão sobre segurança com EUA no próximo mês
Diplomatas e oficiais militares russos vão conversar com os Estados Unidos no mês que vem sobre uma lista de garantias de segurança que Moscou quer de Washington, disse o chanceler russo, Sergei Lavrov, nesta segunda-feira. Lavrov fez os comentários durante uma entrevista transmitida ao vivo no site do ministério.
Ele disse que as negociações ocorrerão imediatamente após o feriado de Ano Novo na Rússia. O primeiro dia útil oficial de 2022 no país é 10 de janeiro. A Rússia disse no domingo que recebeu e está considerando uma proposta separada da aliança militar Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para iniciar conversas sobre as preocupações de segurança de Moscou em 12 de janeiro.