A velocidade da evolução na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia complica a análise da situação. Atualmente, aproximadamente 100 mil tropas russas estão posicionadas na fronteira com a Ucrânia. A expectativa de Washington, mais precisamente do Pentágono e da Casa Branca, é de que 175 mil tropas deverão estar a postos até o fim de janeiro.
A concretização dessa expectativa de invasão até o final de janeiro ainda depende de alguns fatores que são observados por Washington. Os americanos acreditam que ainda faltam elementos críticos para que a Rússia dê o passo inicial em direção ao território ucraniano.
Há necessidades, de acordo com dados coletados pelos serviços de inteligência (principalmente via satélite), de que os russos precisam turbinar a chegada de equipamentos que facilitem o transporte na neve, a gestão de munições e logística de bancos de sangue. Há quem diga que a capacidade de instalação de hospitais de campanha ainda está aquém do necessário. Naturalmente, toda a expectativa se baseia no “ideal” e não no básico.
A ausência desses elementos não representa, de forma alguma, a impossibilidade de que uma invasão ocorra imediatamente. Alguns especialistas argumentam que um passo inicial de invasão pode ser dado sem esses elementos. Em relação a bancos de sangue e hospitais de campanha, em tese, os russos poderiam utilizar aqueles já existentes em território ucraniano.
A questão climática pode vir a ser, ironicamente, a mais complexa, pois dependendo do volume de neve, os tanques russos teriam dificuldade na agilidade e velocidade de avanço. Além disso, o acréscimo no volume das tropas pode ocorrer gradativamente à medida que os russos ingressem no território ucraniano.
Exército ucraniano Por outro lado, não podemos esquecer que existe um exército ucraniano bem mais treinado e melhor armado do que aquele que viu a Crimeia sumir em um piscar de olhos em 2014. O exército ucraniano é o terceiro maior exército da Europa, atrás apenas do russo e do francês.
Vários armamentos foram adquiridos dos EUA e de diversos países da União Europeia (UE). Mesmo assim, ainda não é páreo para repelir uma invasão russa. No entanto, caso os ucranianos consigam esticar o combate ao máximo possível (o que seria, humanitariamente trágico), isso poderia exaurir o ímpeto dos russos, que têm a convicção de que seria uma invasão rápida.
A razão principal por trás do conflito é o acordo de Minsk firmado após a invasão da Crimeia. Os russos não admitem qualquer processo que possa levar a Ucrânia a se juntar à União Europeia ou à OTAN. Isso faria com que os russos tratassem a movimentação da Ucrânia como uma grave ameaça a sua segurança nacional.
Vários outros elementos críticos estão na mesa. Entre eles a crise de migração que um confronto como esse geraria. Outro aspecto altamente importante seria a reação da própria União Europeia. A dependência que os europeus têm do gás russo é tamanha, que as sanções desenhadas pelo governo americano contra Moscou, no caso de uma invasão da Ucrânia, não estão totalmente concordadas pelos europeus.
Bruxelas busca uma forma de punir, mas sem irritar os russos, algo altamente contraditório. Caso a resposta da UE seja frágil, os EUA terão uma dificuldade ainda maior de impedir o avanço russo.
Rússia diz que relações com EUA ainda não estão no ponto mais baixo
O vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, afirmou neste sábado que as relações de Moscou com os Estados Unidos ainda não atingiram o ponto mais baixo, segundo publicou a agência russa de notícias Interfax.
Ryabkov afirmou que o Kremlin precisa de relações estáveis e previsíveis com Washington, referindo-se ao momento delicado em que Moscou aguarda uma resposta da Casa Branca a suas propostas para segurança.