O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que conversou com o presidente da China, Xi Jinping, sobre Taiwan e que ambos concordaram em respeitar o "acordo de Taiwan" agora que as tensões entre Taipé e Pequim se intensificam.
"Conversei com Xi sobre Taiwan. Concordamos… que respeitaremos o acordo de Taiwan", disse Biden na terça-feira. "Deixamos claro que não acho que ele deveria estar fazendo qualquer outra coisa além de respeitar o acordo."
Biden pareceu estar se referindo à posição de longa data de Washington, segundo a qual os Estados Unidos reconhecem Pequim, ao invés de Taipé, e à Lei de Relações com Taiwan, que deixa claro que a decisão dos EUA de estabelecer laços diplomáticos com Pequim, ao invés de Taiwan, se baseia na expectativa de que o futuro de Taiwan será determinado por meios pacíficos.
Embora a lei obrigue os EUA a fornecerem a Taiwan os meios para se defender, Washington só reconhece a postura chinesa de que a ilha lhe pertence e que existe "uma China", não tomando posição a respeito da soberania taiwanesa.
O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan disse ter pedido esclarecimentos dos EUA a respeito dos comentários de Biden e que foi assegurado de que a política norte-americana em relação a Taiwan não mudou, que o compromisso dos EUA com a ilha é "sólido como uma rocha" e que os EUA continuarão a ajudar Taiwan a manter suas defesas.
No domingo, os EUA pediram à China que abandone suas atividades militares perto de Taiwan.
Ministro da Defesa de Taiwan quer mais investimentos com armas
As tensões militares com a China estão em seu pior momento em mais de 40 anos, disse o ministro da Defesa de Taiwan nesta quarta-feira, pedindo um novo pacote de gasto com armas aos parlamentares dias depois de um número recorde de aeronaves chinesas sobrevoar a zona de defesa aérea da ilha.
Os atritos entre Taipé e Pequim, que reivindica a ilha democrática como parte de seu território, atingem um novo patamar, e aeronaves militares chinesas percorrem com frequência a zona de defesa aérea taiwanesa, mas nenhum tiro foi disparado.
Ao longo de um período de quatro dias iniciado na sexta-feira, Taiwan relatou quase 150 aviões da Força Aérea chinesa em sua zona de defesa aérea, parte de um padrão do que Taipé classifica com um assédio constante de Pequim. Só uma incursão foi relatada na terça-feira.
Indagado por um parlamentar sobre as tensões militares atuais com a China no Parlamento, o ministro da Defesa, Chiu Kuo-cheng, respondeu que a situação é "a mais séria" em mais de 40 anos desde que ele ingressou nas Forças Armadas, acrescentando que existe o risco de um "disparo acidental" no Estreito de Taiwan.
"Para mim, como militar, a urgência salta aos olhos", disse ele a um comitê parlamentar que analisa um plano de gasto extramilitar equivalente a 8,6 bilhões de dólares para os próximos cinco anos para armas feitas localmente, como mísseis e navios de guerra.
Embora Taiwan se queixe com frequência de como os aviões da China a atormentam, a situação é muito menos dramática do que a crise que antecedeu a eleição presidencial de 1996, a última vez em que os vizinhos estiveram à beira da guerra.
Na época, a China realizou testes de mísseis em águas próximas de Taiwan na esperança de evitar a eleição de Lee Teng-hui, que Pequim suspeitava nutrir visões independentistas. Lee venceu de maneira convincente.
A China diz que Taiwan deve ser tomada à força, se necessário. Taiwan diz que é um país independente e que defenderá suas liberdades e democracia, culpando a China pelas tensões.
Chiu disse que a China já tem a capacidade de invadir Taiwan e que será capaz de realizar uma invasão de "escala total" em quatro anos.
"Até 2025, a China levará o custo e o atrito ao seu menor nível. Ela tem a capacidade agora, mas não começará uma guerra facilmente, tendo que levar muitas outras coisas em consideração", disse.
Os Estados Unidos, os principais fornecedores militares de Taiwan, confirmam seu compromisso "sólido como uma rocha" com a ilha e também criticam a China.