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Irã – Foco na América Latina

A partir do próximo domingo, o presidente Mahmud Ahmadinejad começa uma visita a quatro países latino-americanos. Venezuela, Nicarágua, Cuba e Equador receberão o mandatário iraniano, que, segundo a agência estatal Irna, aproveitará os encontros com líderes do continente para tratar de assuntos estratégicos "de interesse mútuo". Para analistas, Ahmadinejad usará a viagem como uma forma de buscar apoio, ante as crescentes sanções aplicadas pelos Estados Unidos e por países europeus (leia nesta página).

"O Irã está trabalhando há anos para expandir seus laços e sua influência no Ocidente, e ele encontrou parceiros dispostos a isso na região dos "déspotas antiamericanos"", disse a deputada Ileana Ros-Lehtinen, presidente do Comitê para Assuntos Externos do governo dos EUA, em entrevista ao jornal The Washington Post.

O representante mais fervoroso desse grupo é o venezuelano Hugo Chávez. Para se ter uma ideia da intimidade entre os dois presidentes, a tevê estatal da Venezuela chegou a exibir uma mensagem do líder iraniano no mês passado, na qual ele exaltava os laços entre as duas nações.

Na Nicarágua, Ahmadinejad — o presidente que mais viajou desde a Revolução Islâmica no Irã, em 1979 — vai comparecer à posse do mandatário reeleito Daniel Ortega. Aliado de Chávez, Ortega venceu a terceira eleição consecutiva no país, em um pleito polêmico que revoltou a oposição nicaraguense. "Essas visitas são uma maneira de tentar diminuir a pressão internacional sobre o Irã, uma vez que Ahmadinejad estará junto de alguns parceiros", aponta o professor Carlos Vidigal, da Universidade de Brasília. O especialista não acredita, entretanto, que isso terá algum efeito significativo nas respostas norte-americanas frente à crise.

Brasil
Além disso, Ahmadinejad pode acabar dando um tiro no pé. "Acho que o presidente está perdendo muito apoio ao cruzar os oceanos. As pessoas se perguntam: por que investir dinheiro na América Latina ou na Ásia, se nós aqui também precisamos?", ressalta a pesquisadora Haleh Esfandiari, do Woodrow Wilson International Center for Scholars.

Desta vez, o roteiro do líder iraniano não incluiu o Brasil, onde a presidente Dilma Rousseff foi categórica ao condenar as violações aos direitos humanos no Irã. A Bolívia, outro antigo parceiro, também não faz parte do itinerário. "O problema é que o Irã fez uma série de promessas para os governos latinos e não as cumpriu", diz Haleh, em referência a milhões de dólares que deveriam ter sido aplicados em projetos bilaterais. (CV)

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