O secretário de Estado americano, Antony Blinken, conversará nesta quarta-feira (8) na Alemanha com representantes de 20 países aliados de Washington sobre a situação no Afeganistão após o anúncio do novo governo Talibã.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos chegou à Alemanha procedente do Catar, onde visitou o principal centro de trânsito de refugiados afegãos.
No país europeu, ele visitará a base aérea americana de Ramstein, por onde passam milhares de pessoas que deixaram o Afeganistão.
Em Ramstein, Blinken se reunirá com o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, antes de um encontro virtual com os outros ministros.
O governo dos Estados Unidos quer aumentar a pressão internacional para que o Talibã cumpra o compromisso de permitir a saída dos afegãos que desejam abandonar o país.
As conversações podem servir para coordenar uma resposta ao governo interino anunciado na terça-feira, formado por integrantes de linha dura do Talibã, apenas homens, incluindo um ministro do Interior procurado por Washington por terrorismo.
"Queremos trabalhar em conjunto e de maneira coordenada na próxima fase, sobretudo no que diz respeito às relações com os novos dirigentes do Afeganistão", afirmou o ministro alemão.
"Queremos ver como alcançar uma forma comum de agir diante do Talibã que também sirva aos nossos interesses: respeito aos direitos humanos fundamentais, manutenção das vias de saída do país, acesso humanitário e luta contra grupos terroristas como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico", completou Maas.
Washington expressou preocupação com a formação do governo, mas destacou que o julgará por suas ações. No momento está descartado o reconhecimento do Executivo.
Aliados dos Estados Unidos criticaram a forma como o presidente Joe Biden concluiu a guerra de 20 anos no Afeganistão, pois enquanto a saída das tropas estrangeiras era concretizada, o avanço Talibã também ganhou velocidade e em poucos dias o grupo passou a controlar quase todo o país, o que derrubou o governo afegão.
Maas também quer insistir na crise humanitária que afeta o Afeganistão, país que sofre "a falta de alimentos devido à seca" e com a paralisação "da ajuda internacional da qual muitas pessoas dependem.
"Estamos dispostos a fornecer ajuda humanitária com a mediação da ONU e continuaremos a dialogar com o Talibã, nem que seja apenas para permitir que as pessoas sob nossa responsabilidade possam deixar o país", disse, antes de destacar que "qualquer compromisso posterior dependerá do comportamento do Talibã".
“O anúncio de um governo de transição no qual outros grupos não participam e a violência contra manifestantes e jornalistas em Cabul não nos deixam otimistas", concluiu Maas.