Os Estados Unidos e a Rússia entraram em confronto nesta segunda-feira (2) sobre os quadros de funcionários permitidos em suas respectivas embaixadas, apesar das negociações recentes que visam trazer mais estabilidade a um relacionamento conturbado.
Em uma entrevista, o embaixador russo em Washington, Anatoly Antonov, condenou o que chamou de "expulsões" de diplomatas de Moscou, dizendo que os Estados Unidos se tornaram "persistentes e criativos" nessa questão ao limitar apenas os russos a vistos de três anos.
"Recebemos uma lista de 24 diplomatas que devem deixar o país antes de 3 de setembro de 2021. Quase todos partirão sem substituições porque Washington apertou abruptamente os procedimentos de emissão de vistos", disse ele à revista americana The National Interest.
O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, descreveu as declarações do embaixador como "imprecisas", dizendo que os russos sabiam que seus vistos expirariam após três anos e que poderiam solicitar prorrogações.
Mas reiterou uma reclamação de Washington de que Moscou forçou a demissão de quase 200 funcionários em suas missões diplomáticas na Rússia no domingo devido a uma nova proibição de contratação de russos ou de profissionais de terceiros países.
"É lamentável porque essas medidas têm um impacto negativo na operação da missão dos EUA na Rússia, potencialmente na segurança de nosso pessoal, assim como em nossa capacidade de engajar-se em diplomacia com o governo russo", disse Price em uma conferência de imprensa.
"Nos reservamos o direito de tomar as medidas de resposta adequadas às ações da Rússia", disse ele, embora negue que isso esteja relacionado à validade de três anos dos vistos.
O governo do presidente Joe Biden expulsou em 15 de abril 10 diplomatas de Moscou, ampliou as restrições aos bancos russos e colocou na lista negra 32 cidadãos russos por interferência do Kremlin nas eleições americanas, um ataque cibernético massivo e outras atividades hostis.
Price descreveu as medidas como uma "resposta às ações prejudiciais do governo russo", mas disse que os Estados Unidos valorizam "canais abertos de comunicação".
Em retaliação, Moscou expulsou 10 diplomatas americanos e proibiu a missão americana de contratar cidadãos não americanos a partir de 1º de agosto.
Biden se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, em Genebra, em junho, e os dois países descreveram as negociações como "profissionais" e "pragmáticas", apesar das múltiplas diferenças.
Na semana passada, altos funcionários dos dois países se reuniram novamente em Genebra para discutir o controle de armas, como parte de um novo diálogo estabelecido por Putin e Biden com o objetivo de promover maior previsibilidade nas relações.
Rússia diz que EUA pediram saída de 24 diplomatas russos até 3 de setembro¹
O embaixador da Rússia nos Estados Unidos disse que Washington pediu a 24 diplomatas russos que deixem o país até 3 de setembro, após o vencimento de seus vistos.
Anatoly Antonov não disse se o pedido dos EUA foi motivado por alguma disputa em particular e não houve nenhum comentário imediato de Washington.
"Quase todos eles partirão sem substituições porque Washington apertou abruptamente os procedimentos de emissão de vistos", disse Antonov em uma entrevista à revista National Interest publicada no domingo.
Moscou e Washington há muito divergem sobre uma série de questões, e os laços se enfraqueceram ainda mais depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, disse acreditar que o presidente russo, Vladimir Putin, é um assassino.
As tensões diminuíram um pouco depois que Biden se encontrou com Putin em 16 de junho, o que levou até mesmo a alguns investidores estrangeiros retornarem a aplicar dinheiro em títulos do governo russo.
"Esperamos que o bom senso prevaleça e sejamos capazes de normalizar a vida dos diplomatas russos e norte-americanos nos Estados Unidos e na Rússia com base no princípio da reciprocidade", disse Antonov.
Antonov também disse esperar que o diálogo recentemente iniciado entre EUA e Rússia sobre questões de segurança cibernética continue.
"Como opção, podemos debater sobre ameaças cibernéticas aos sistemas de controle de armas, etc."