TÚNIS – O presidente da Tunísia, Kais Saied, anunciou na noite deste domingo, 25JUL2021, a suspensão das atividades do Parlamento e a demissão do primeiro-ministro, Hichem Mechichi, atribuindo a ele mesmo plenos poderes executivos, em meio a um dia de protestos contra as autoridades do país.
Saied anunciou essas medidas após uma reunião de emergência no palácio presidencial de Cartago, em um momento em que a Tunísia enfrenta uma forte onda da covid-19 e uma profunda crise política que paralisa o país há meses. A notícia foi recebida com buzinaço na capital, Túnis, após as manifestações de domingo em várias cidades, nas quais pediam a dissolução do Parlamento.
“A Constituição não me permite dissolver o Parlamento, mas sim suspender sua atividade”, disse Saied, que tomou a decisão com base no Artigo 80 da Constituição, que permite que este tipo de medida seja adotada frente à um perigo iminente. "Tomei as decisões que a situação exige para salvar a Tunísia, o Estado e o povo tunisianos", afirmou o presidente após se reunir com autoridades das forças de segurança. "Estamos em momentos muito delicados na história da Tunísia."
Saied anunciou que assumirá o Poder Executivo com a ajuda do governo e nomeará um novo primeiro-ministro. Além disso, ele suspendeu a imunidade parlamentar dos deputados.
A medida foi condenada pelo partido governista, Ennahda, de orientação islamita, que a qualificou de "um golpe de Estado contra a revolução". "O que Kais Saied está fazendo é um golpe de Estado contra a revolução e a Constituição, e os membros do Ennahda e o povo da Tunísia defenderão a revolução", manifestou-se o partido em um comunicado publicado em sua página no Facebook.
Milhares de tunisianos protestaram no domingo contra a classe política, especialmente contra o Ennahda, majoritário no Parlamento, mas confrontado pelo presidente. “Vamos mudar de regime” ou “O povo quer a dissolução do Parlamento” foram algumas das principais proclamações nos protestos, marcados por muitas críticas ao primeiro-ministro Mechichi.
Os manifestantes pedem uma mudança na Constituição e um período de transição liderado pelo Exército, mas no qual Saied seja mantido como chefe de Estado.
A opinião pública tunisiana se mostra incomodada com os conflitos entre partidos no Parlamento e a queda de braço entre o chefe do Legislativo, Rached Ghannouchi, líder do Ennahdha, e o presidente Saied, que paralisou os poderes públicos.
O presidente, por outro lado, conta com grande apoio. Com as críticas aumentando nos últimos meses, Saied, um professor de direito e político independente que conquistou a presidência com uma vitória esmagadora em 2019, manteve forte apoio nas pesquisas de opinião pública.
A população também critica a falta de resposta do governo à crise sanitária, que deixou a Tunísia sem abastecimento de oxigênio. Com cerca de 18 mil mortos neste país de 12 milhões de habitantes, a Tunísia apresenta uma das piores taxas de mortalidade no mundo por covid-19.
Nota DefesaNet
A nota das agências publicada acima esconde o fato principal.
O objetivo é acabar com o Partido Ennahda (que prometeia um banho de sangue na Tunísia e a tentativa de implantar uma linha teocrática).
A prisão do primeiro-ministro e a dissolução do partido Ennahda será uma grande derrota ao presidente da Turquia Erdogan.
O Presidente vai governar doravente por Decreto-lei. Até que a situação seja controlada.
O Editor