Tenente Letícia Faria E Major Bazilius
O Dia das Comunicações é instituído em 5 de maio. A data homenageia o nascimento do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, um dos principais protagonistas da difusão dos sistemas de comunicação no Brasil e Patrono das Comunicações Brasileiras. Em comemoração ao dia, a Força Aérea Brasileira (FAB) destaca a missão dos especialistas em Comunicações, Oficiais e Graduados, que aplicam as normas e os procedimentos em vigor nas redes e sistemas de enlaces de telecomunicações fixas e móveis.
Para tornar-se especialista em Comunicações na FAB, o ingresso ocorre por meio da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), localizada em Guaratinguetá (SP). Depois da formação, o militar é promovido a Terceiro Sargento, podendo chegar ao posto de Coronel, após realizar o Curso de Formação de Oficiais Especialistas (CFOE), no Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), em Lagoa Santa (MG). Para isso, é necessário ter as promoções por merecimento e ser aprovado em concurso interno.
Atribuições na FAB
O especialista em comunicações atua em diversas Organizações Militares do Comando da Aeronáutica (COMAER), nas áreas de Ciência e Tecnologia, Controle do Espaço Aéreo, Aeroespacial, Operacional e Logística, integrando, por exemplo, as comunicações aeronáuticas militares e administrativas, além de operar e implantar sistemas de comunicações e de segurança da informação.
Ainda dentre as atribuições do Especialista em Comunicações da FAB, está a de prover a comunicação de dados e de voz, utilizando diversos sistemas e equipamentos como antenas e radares, operando enlace de satélites e provendo acesso à internet, intranet e telefonia. O profissional atua em funções no solo, fornecendo a visualização radar para o controle das aeronaves e dando suporte a equipamentos nas faixas de comunicação HF (Alta Frequência, do inglês High Frequency), VHF (Frequência Muito Alta, do inglês Very High Frequency) e UHF (Frequência Ultra Alta, do inglês Ultra High Frequency), em apoio às aeronaves das Unidades Aéreas. Nas funções em voo, opera equipamentos especiais e rádios nas aeronaves, contribuindo para o planejamento de voo.
O Major Especialista em Comunicações, Romulo Silva de Oliveira, conta que o militar desta área procura aperfeiçoar-se tecnicamente. “O presente nos revela que a guerra moderna tem-se caracterizado por uma demanda cada vez maior de troca de informações imediatas entre os comandantes e comandados no cenário operacional, necessitando continuamente de dados confiáveis sobre as capacidades de suas próprias forças e das forças inimigas, com o fito de evitar situações de fratricídio”, destaca.
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Missões do militar Especialista em Comunicações
Dentre as missões que militares do quadro de Comunicações atuam, está o Projeto Link-BR2, cuja Campanha de Ensaio em Voo foi iniciada em 2020. O sistema permitirá à FAB a comunicação, em tempo real, entre vetores aéreos e estações de Comando e Controle. O sistema Link-BR2, futuramente, estará embarcado nos caças F-39 Gripen que atualmente estão sendo desenvolvidos na Suécia e no Brasil, projeto no qual o Especialista em Comunicações atua nas atividades de coordenação, gerenciamento de projeto, fiscalização de contrato e verificação de cumprimento de requisitos, bem como em diversas revisões técnicas de sistemas aviônicos, guerra eletrônica e enlace de dados.
Um exemplo de emprego dos conhecimentos da área de Comunicações em situações reais foi a Operação Ayacucho, realizada em junho de 2003, que contou com a atuação de militares do Segundo Esquadrão do Sexto Grupo de Aviação (2º/6º GAV) – Esquadrão Guardião, sediado na Ala 2, em Anápolis (GO). A FAB foi acionada, por meio de um pedido do governo peruano, para atuar na liberação de 71 pessoas que estavam reféns de um grupo de guerrilheiros.
Para cumprir a missão, um E-99 é capaz de fornecer dados de inteligência precisos, em tempo real, sobre aeronaves voando a baixa altura. Quando os pilotos recebem as suas ordens e decolam para as missões, essas aeronaves monitoram o espaço aéreo da região, visualizando toda a área de operação. Isso permite a participação da FAB em missões aéreas de combate aos tráfegos irregulares. Além disso, as aeronaves E-99 têm a capacidade de complementar os sinais dos radares de solo, servindo também como uma reserva de visualização radar ou de comunicações para o tráfego aéreo.
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Assim, decolou de Anápolis, na noite do dia 9 de junho de 2003. À época como Operador Especial nº 01, o aeronavegante responsável pela Operação do Sistema de Exploração de Sinais de Comunicação e de Não-Comunicação das aeronaves E/R-99, Major Romulo, lembra que, sem saber detalhes da missão, decolaram com destino a Porto Velho (RO). “Nosso destino final foi Lima, quando a tripulação foi informada que funcionários trabalhavam na construção de um gasoduto e foram pegos por guerrilheiros. Por isso houve a necessidade de um Reconhecimento Eletrônico, a fim de determinar a possível posição geográfica do acampamento, já que os sequestradores possivelmente estariam comunicando-se por meio de equipamentos transmissores na faixa de VHF”, conta o Major.
Para o cumprimento da missão, diversas dificuldades foram encontradas em função do número de emissores e redes repetidoras na referida faixa de frequência na região de buscas. Porém, foi possível determinar a localização da fonte emissora dos sequestradores, que foi transmitida para o Comando de Operações em solo para as providências cabíveis. “De posse das informações, os militares peruanos começaram a sobrevoar o cativeiro com helicópteros, levando à libertação dos reféns com sucesso”, finaliza o Major, recordando-se de uma missão real, cumprida há quase 18 anos, com a participação do Especialista em Comunicações.
Fotos: Agência Força Aérea/ Sargento Bianca Viol/CECOMSAER / Arquivo Pessoal