Por DANIEL MICHAELSe DAVID KESMODEL, de Frankfurt
O Dreamliner 787, o novo avião da Boeing que teve vários atrasos na produção, está operando sem problemas nos primeiros voos comerciais, disseram executivos do alto escalão da primeira companhia aérea a operar o sofisticado avião.
A japonesa All Nippon Airways Co. está operando o Dreamliner há mais de seis semanas e o avião teve "uma entrada muito tranquila no serviço", disse ao The Wall Street Journal o diretor-presidente Shinichiro Ito. A ANA tem dois Dreamliners realizando seis voos diários de 90 minutos em rotas domésticas.
A companhia pretende iniciar seu primeiro voo internacional com o 787, de Tóquio a Frankfurt, em 21 de janeiro. Ela espera contar com 11 aviões até março e 20 no mesmo mês de 2013, embora a Boeing ainda não tenha definido o cronograma de entregas do ano que vem, disse Ito.
Os primeiros clientes têm elogiado as janelas grandes e o interior espaçoso do avião, disse Ito. Outras inovações como a pressão e umidade da cabine, maiores que em outros aviões a jato, não foram comentada pelos passageiros porque os voos são muito curtos, acrescentou ele.
Os primeiros dados sobre o consumo de combustível também foram positivos, disse Ito, embora os voos curtos também não demonstrem como a aeronave é econômica. A Boeing alega que o Dreamliner consome cerca de 20% a menos de combustível que outros modelos de tamanho parecido, como o Boeing 767. "Acho que vamos obter esse desempenho", disse Ito.
O Dreamliner praticamente não teve nenhum problema técnico que atrasasse qualquer um dos quase 200 voos que realizou, disse Ito. É comum aviões novos terem defeitos e problemas logísticos que atrapalham os voos. A capacidade de um avião novo de entrar em operação sem problemas, conhecida como confiabilidade de despacho, é um termômetro da maturidade do projeto que os clientes analisam quando escolhem qual modelo vão comprar.
Cerca de uma semana depois que a ANA começou a operar o Dreamliner normalmente, o trem de pouso de um dos jatos passou por uma falha técnica durante um voo, incidente que a companhia aérea depois descreveu como defeito menor. A falha – envolvendo a ativação do trem de pouso – atrasou em 30 minutos a chegada do avião.
A pequena amostra da ANA, de quase 200 voos com apenas dois aviões, provavelmente não é estatisticamente significativa. Mas Ito disse que depois dos mais de três anos de atraso para receber os Dreamliners, causados por problemas na fabricação, o lançamento eficiente foi bem-vindo.
"A confiabilidade do despacho é de quase 100%", disse ele. "Achamos que é muito bom para um avião novo em folha."
Um porta-voz da Boeing disse que a porcentagem é "acima de 95%" e que "os aviões estão desempenhando como esperado".
O desempenho inicial do 787 é melhor que o do do último novo jato da Boeing, o 777, que começou a ser operado pela americana United Airlines em 1995. O Dreamliner "está conseguindo um desempenho melhor que o 777 quando entrou em operação", disse Pat Shanahan, vice-presidente de projetos de aviões da Boeing, numa entrevista recente ao The Wall Street Journal.